Pastor Bonus

12º Domingo do Tempo Comum

Neste domingo o Nosso Salvador continua a dar instruções para os seus apóstolos. E essas instruções servem para nós, que hoje, no dia do Senhor, nos encontramos em volta deste Sagrado Altar. E três são os assuntos principais destas instruções: (1) confiar na divina providência, (2) cultivar o Santo Temor de Deus e (3) defender com coragem a nossa fé.

1. O Senhor cuida de nós!

Confiar na Divina Providência

Jesus conhecia o coração dos seus apóstolos, como conhece também o nosso, e sabe que ele está sempre cheio de inseguranças e de incertezas. E por isso mesmo repete no Evangelho de hoje três vezes: “Não tenhais medo!”.

E sendo muito concreto o Divino Mestre mostra-nos o cuidado que o Pai tem com toda a obra de suas mãos. Por isso aponta para dois exemplos: para os pássaros, mais precisamente para os pardais, e também para os fios de cabelo de nossa cabeça.

E faz isso para percebermos que se até os pequenos detalhes da criação são cuidados e sustentados por Deus, o que se dirá então do seres humanos, imagem e semelhança do criador? E mais ainda nós, cristãos, que pelo batismo fomos elevados à dignidade de filhos!

Foi o que disse o grande estudioso da Sagrada Escritura, S. Jerônimo:  

“Se os pássaros, que são tão baixos em preço, não deixam de estar sob a providência e o cuidado de Deus, como vós, que pela natureza de vossa alma sois eternos, podereis temer que não os olhe com particular cuidado Aquele a quem respeitais como vosso Pai?”

São Jerônimo, Comentário ao Evangelho Segundo Mateus, 10, 29-31

O único remédio que nos cura dos medos é a confiança filial em Deus! Em outras palavras é a fé na divina providência! Esse salutar remédio nos faz perceber que são verdadeiras aquelas palavras que dizemos quando rezamos o Salmo 26: “O Senhor é minha luz e salvação, de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida, o que eu temerei?”

2. Temor de Deus, mas não medo

Cultivar o santo temor

A única coisa que devemos temer nesta vida é perder a amizade com Deus. Por isso que o Evangelho ao mesmo tempo em que nos chama a confiar em Deus também nos ensina a cultivar o santo temor. Afinal a virtude da confiança é irmã da virtude do temor de Deus.

É importante perceber que há uma grande diferença entre medo e temor. De Deus um cristão não deve ter medo, mas temor, e não um temor servil, mas um temor filial! (Cf. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 19, a.2 c).

Enquanto o medo é a reação natural animal que por instinto leva-nos a busca a conservação da vida diante de uma ameaça, o temor de Deus é fruto da fé. Brota do coração que respeita a Deus porque se dá conta do seu poder e do seu amor. É importante destacar que o temor de Deus é sempre acompanhado do amor: o receio de desapontar Deus, que é apaixonado por nós!

Este santo temor é dom do Espírito Santo e nos ajuda na luta contra o pecado. É o temor de um filho em ofender a Deus, seu Pai. É o que nos faz fugir das ocasiões de pecado, nos faz desconfiar de nós mesmo e nos lembra que somos fracos e podemos cair.

O temor filial é essencial também nas famílias. Quando os pais não temem a Deus, seus filhos também não temerão seus pais. E se os filhos não aprende em casa, desde de pequenos, a respeitar os pais, com muita dificuldade aprenderão a temer a Deus.

Aqui podemos fazer uma constatação: nossa época é marcada por tanta angústia e tanto medo! Mas como isso acontece numa época em que se têm numerosos recursos para nos fazer sentir mais seguros? A resposta é: falta o temor de Deus!

E o motivo não é difícil de deduzir: quanto mais o homem se distanciam de Deus, mais ele coloca sua confiança nas coisas terrenas ou em pessoas, coisas que no fundo não lhe dá segurança nenhuma! As coisas podem ser roubadas ou perecem e acabam. As pessoas podem trair e mentir.

3. O discípulo de Jesus não pode ser covarde

Defender com coragem a fé

Hoje, além da confiança e do santo temor, somos chamados a crescer no testemunho de coragem! Como fez o profeta Jeremias, na 1ª Leitura, os seguidores de Cristo também devem ter valentia e fortaleza. Sem medo das calúnias e das murmurações do inimigos da fé; sem medo do que vão pensar de nós quando somos fiéis à doutrina de Nosso Senhor.

A Igreja é chamada a proclamar os Divinos Ensinamentos sem ambiguidades, sem meias palavras, mas com precisão deve anunciar o que o Senhor lhe confiou para ensinar. As verdades da fé, entregues à Igreja por Cristo mesmo, devem ser ditas com clareza aos homens e mulheres de hoje.

Num mundo cada vez mais paganizado, numa sociedade confusa por conta de delírios ideológicos, “os fiéis, incorporados na Igreja pelo Batismo (…) devem confessar diante dos homens a fé que de Deus receberam por meio da Igreja” (LG, n. 11). Sim, devemos confessar a nossa fé sem medo das consequências: como os incontáveis mártires da Igreja, como os numerosos santos da Igreja Católica, como o nosso próprio Salvador!

Ensinar ao povo a fé católica e instruir as famílias a viverem segundo os critérios cristãos nem sempre é bem visto, e é até criticado. Acusam a Igreja de ser desatualizada, antiquada ou “fora de moda”. Pode até ser que a Igreja perca admiradores, pode até ser que falem mal de nós nos meios de comunicação, mas isso não é o mais importante, o mais importante é não negar o Senhor!

Uma das verdades de fé mais evidente no Evangelho de hoje é sobre as coisas que acontecem após esta vida. O Senhor ensina com toda a clareza: um dia as obras escondidas serão manifestas e seremos julgados. Existe céu, mas existe também a condenação eterna. Por isso disse Jesus: “temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10, 28).

Que não nos aconteça de sermos negados por Jesus diante do Pai. Evitemos, portanto, as covardias, pequenas ou grandes, que nos afastam da Verdade que é Nosso Senhor.

Se grandes forem as dificuldades encontradas no caminho, maiores serão também as graças que Deus nos concederá para vencermos. Foi o que S. Paulo ouvi do Senhor: “A minha graça te basta!” (2Cor 12, 9). É o que Jesus diz hoje também a nós!

Maria é o exemplo de todas as virtudes que aprendemos hoje: ninguém melhor que ela confiou em Deus, teve o santo temor e com coragem assumiu as consequências da fé. Que ela, como mãe e mestra da Igreja, nos ajuda a colocar em prática essas virtudes!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

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