Pastor Bonus

27º Domingo do Tempo Comum

A Missa, bem sabemos, é o banquete nupcial do Cordeiro. A palavra “núpcias” tem a ver com casamento, e é sobre isso que Jesus nos fala hoje, em nosso encontro dominical com o ressuscitado: sobre o matrimônio.

Como irmãos, membros de uma mesma família espiritual – como diz a Carta aos Hebreus – nos encontramos hoje como família de Jesus, e é dele que aprendemos o caminho da santidade. 

A nossa reflexão percorrerá o seguinte itinerário: a família é projeto de Deus e o matrimônio é por toda a vida.

1. A família é projeto de Deus

A família faz parte do projeto originário de Deus, foi isso que ouvimos no trecho do livro do Gênesis. Foi Ele que estabeleceu que o homem e a mulher deixariam a casa dos pais, se uniriam em matrimônio, e casados teriam os filhos. Esse é o plano de Deus!

Notem que existem um caminho que os jovens devem seguir: o namoro, o noivado, o casamento, o nascimento dos filhos. Quando se alteram essas etapas, pulando-as ou ignorando-as, as consequências geralmente não são boas.

É preciso, queridos pais, ensinar isso aos filhos! Quantos ataques às famílias! Cuidado com o que eles estão aprendendo, na internet, na escola e na roda de amigos, boa parte do que se fala é totalmente contrário ao plano divino! E dá errado!

Entendamos: assim como quando compramos um novo aparelho e temos que ler a instrução para usá-lo da maneira correta – e não correr o risco de estragá-lo – deve-se ler o manual da vida, que é a Bíblia. E o que acabamos de ouvir é um trecho desse manual falando a respeito do ser humano: Deus tem um plano, que é a família, sem ela as coisas não ficam bem!

Aqui poderíamos lembrar de algumas orientações para cada um de vocês: 

Aos casados, convido-vos a renovar as promessas do vosso matrimônio (especialmente a fidelidade), a serem fiéis à vocação familiar, que sejam abertos à vida (Deus é o único criador, mas os pais participam, de certa forma, do contínuo ato criador que se renova na geração dos filhos) e cuidar da educação religiosa das crianças.

Quanta coisa os filhos podem aprender de seus pais vendo-os viver o evangelho vivo que é o matrimônio! 

Aos jovens e noivos, peço que se preparem bem para em breve receberem o Santo Sacramento do Matrimônio, não pulem as etapas próprias dessa preparação, para que vocês sejam felizes! O ato conjugal, por exemplo, só tem sentido dentro do matrimônio, onde a entrega de um pelo outro é muito mais do que uma mera busca de prazer, mas é doação, desde agora e por toda a vida. 

2. O matrimônio é por toda a vida

A fidelidade matrimonial e o problema do divórcio nunca foi um tema fácil. Vejam que a polêmica a respeito do divórcio não é de hoje. Na época de Jesus, quando ele ensinou que o matrimônio é até à morte, muitos acharam que isso era muito exigente, muito duro, assim como se pensa hoje. 

Havia dois grupos entre os judeus a respeito deste assunto: os que defendiam que qualquer motivo poderia justificar o repúdio (para eles, se a mulher deixasse queimar a comida, isso já era motivo para o divórcio) e outro grupo que ensinava que o motivo deveria ser grave. A questão é apresentada a Jesus porque os fariseus queriam colocá-lo à prova. E a resposta de Jesus surpreende a todos: o casamento é até que a morte os separe! 

No tempo de Jesus esse tema gerou grande discussão e nos nossos dias é mais difícil ainda, quando a cultura do descarte se estabelece com vigor, cuja regra é: usar e depois jogar fora. 

Temos que tomar cuidado com a “dureza do nosso coração”, que leva muitos casais a reduzirem a grande do matrimônio. O coração duro que não perdoa, que não tem paciência, que não aprende a dialogar, que não reza, é caminho para a separação. A separação dos casais não é algo a se acostumar. Quanto sofrimento, trauma e tristeza, especialmente para os filhos, causam o divórcio!

Convido aos casais que já vivem juntos, mas que ainda não receberam o sacramento do matrimônio, a procurarem o sacerdote e a fazer a necessária preparação para o casamento na Igreja. Através deste sacramento vocês receberão graças especiais para viverem esse estado de vida. 

Para concluir, convido-vos a perceber que no evangelho Jesus valoriza dois grupos que eram colocados à margem: as mulheres (que poderiam ser repudiadas por qualquer motivo) e as crianças (vistas como inúteis e sem importância). O Senhor não se esquece dos esquecidos!

Após ensinar sobre a dignidade da mulher, Jesus aproveita da presença das crianças para completar a formação dos discípulos, a dos doze e também a nossa: nos indica o modelo de simplicidade e inocência – o da infância espiritual, como fez Santa Terezinha – como caminho para o Céu.

Maria, esposa de São José, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

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