Esta é uma das festas marianas mais antigas da Igreja. E o que se celebra no dia de hoje? Uma boa resposta está na antífona das Laudes: “Adoremos o Cristo e louvemos sua Mãe elevada, hoje, aos céus”.
Portanto hoje é dia de alegria: porque Cristo venceu! O amor venceu! A vida venceu! Temos uma mãe no Céu! “No céu temos uma mãe. O Céu está aberto; o céu tem um coração” (Bento XVI, Homilia, 15 de agosto de 2005).
Disse S. João Paulo II numa missa como a de hoje:
Maria é assunta ao céu, alegrem-se os anjos! E alegre-se a Igreja! Para nós, a solenidade de hoje é como uma continuação da Páscoa, da Ressurreição e da Ascensão do Senhor. E é, ao mesmo tempo, o sinal e a fonte de esperança da vida eterna e da futura ressurreição.
S. João Paulo II, Homilia, 15 de agosto de 1980
E aproveitando a alegria desta festa é oportuno falar sobre esta verdade, sobre esta lembrança e sobre esta esperança. (1) A verdade é que Maria ressuscitou. (2) A lembrança é que a nossa Pátria é o céu. (3) A esperança é que um dia nosso corpo também será glorioso.
1. Uma verdade: Maria subiu ao céu de corpo e alma!
O que celebramos hoje é um fato único na história! Além do corpo de Cristo só há mais um corpo glorioso no céu: o da Virgem Maria.
E isto é uma verdade de fé, ou seja, algo do qual não temos dúvidas e quem não acredita nesta verdade não é católico!
E a verdade é esta: no dia de hoje a mãe de Cristo entrou nos céus! Como declarou o Papa Pio XII na proclamação do Dogma: “Terminado o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celeste.” (Pio XII, Const. Munificentissimus Deus, 1 de outubro de 1950).
Os nossos irmãos cristãos no oriente chamam este mistério da vida de Maria de “dormição”. De fato, para Nossa Senhora a morte não foi como é para todo ser humano. Para ela foi uma passagem, um sono, um despertar para a vida eterna. E seu corpo, que não conheceu o pecado, também não conheceu a decomposição e foi preservado de toda e qualquer corrupção.
2. Uma lembrança: nossa verdadeira morada é o Paraíso!
Contemplar Maria elevada aos céus nos enche de esperança e de grande desejo de chegar à meta. E qual é nossa meta? É o Céu!
[Esta solenidade] é a ocasião para acender com Maria às alturas do espírito, donde se respira o ar puro da vida sobrenatural e se contempla a beleza mais autêntica, a da santidade.
Bento XVI, Homilia, 15 de agosto de 2008.
Hoje a Igreja ergue a nossa cabeça e nos faz olhar para o céu. Não apenas o céu das estrelas e das constelações, mas o Céu que é sinal da morada de Deus, aliás, que é Ele mesmo. Como disse o Papa Bento XVI: “Deus é o céu”. (Bento XVI, Homilia, 15 de agosto de 2008).
Engana-se quem pensa que aquele que vive na esperança da eternidade é um alienado, alienado é aquele que acha que sua vida é só esse trecho da caminhada e se esquece da vida que vem depois desta.
É claro que esta esperança da vida eterna não é uma desculpa para que os cristãos se descuidem desta vida. Não é isso, muito pelo contrário! Focar-se no Céu faz com que nós tornemos presente na terra as coisas do alto. É o Reino que já chegou, que está crescendo e que um dia será pleno, como já é para a Virgem Maria.
3. Uma esperança: nosso corpo terá lugar no Céu!
Maria é sinal da nova humanidade, por isso é a primeira que segue Cristo, a “primícia dos que morreram” (1Cor 15, 20), com lembra o Apóstolo. Portanto a entrada de Maria nos céus é também imagem da Igreja, Corpo de Cristo, que está à caminho da pátria definitiva. Ela “precede com sua luz o povo peregrino como sinal de esperança certa até que chegue o dia do Senhor.” (Lumen Gentium, n. 68).
Afinal, Deus nos criou para que após esta vida mortal estejamos para sempre com Ele em sua glória. Por isso a festa de hoje também é uma recordação de que nosso corpo ressuscitará! Que tem lugar para o corpo humano no Céu!
Depois desta “noite”, ou como dizemos na salve Rainha, deste “vale de lágrimas”, virá a manhã de um dia sem ocaso! E por isso não podemos ter medo da morte, porque para nós “a vida não é tirada, mas transformada”. (Prefácio dos Fiéis Defuntos I – A esperança da ressurreição em Cristo).
Conclusão
Como poderia Cristo separar da Sua glória e da Sua ressurreição aquela que cujo coração também foi transpassado por uma espada de dor na Cruz?
Cor Mariae Dulcissimum, iter para tutum, Coração Dulcíssimo de Maria, dá força e segurança ao nosso caminho na terra: sê tu mesma o nosso caminho, porque tu conheces as vias e os atalhos certos que, por meio do teu amor, levam ao amor de Jesus Cristo.
S. Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 178
Para ir para o Céu devemos aprender a andar por onde andou Maria. E como Ela viveu? O Magnificat ajuda a encontrar respostas: (a) viveu uma fé obediente que fazia, como ouvimos no Evangelho, com que Deus fosse grande em sua vida, com que Deus ocupasse toda a sua vida! Maria não teve medo de ser toda de Deus; (b) viveu a Palavra de Deus, a ponto que no seu cântico encontramos vários trechos do Antigo Testamento, próprio de quem ama as Sagradas Escrituras.
Subiu ao céu nossa advogada, para que, como a Mãe do Juiz e a Mãe de Misericórdia, trate de nossa salvação.
S. Bernardo, Homilia na Assunção da Virgem Maria, 1, in CARVAJAL, Padre Francisco Fernández, Solemnidad de la Asunción de la Virgen María.
Vejamos o final feliz da vida terrestre de Maria e isso nos dará força para ser fiel cada dia! Contemplando Aquela que já está na glória de Cristo nos encheremos de esperança e de vontade de sermos santos.
Esta festa nos enche de desejo de caminhar nos caminhos da santidade. Deve nos encher de bons propósitos para uma vida nova. E assim encontraremos força para dizer “sim” a Deus todos os dias e rejeitar os dragões que avança com fúria contra à Igreja. Olhai Maria e encontrará o caminho seguro para os braços do Senhor!
Hoje é dia de retomarmos ou de nos reanimarmos nas práticas de devoção mariana. A oração do Santo Terço, do Ângelus, e outras orações à Virgem Maria nos fará muito bem para crescer na fé.
Na ladainha Maria é invocada como “Porta do Céu”, não só porque ela nos aguarda lá, mas porque nos ajuda a caminhar na estrada que nos leva para o Céu. Que Maria, hoje elevada aos céus, nos ajude a viver esta vida como caminhada para Deus!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
TEXTO PARA A MEDITAÇÃO
“Convinha que Aquela que no parto teve conservada integra a sua virgindade, tivesse seu corpo conservado sem corrupção após a morte. Convinha que Aquela que levou em seu ventre o Criador feito menino, habitasse na morada divina. Convinha que Aquela que vira o seu Filho na Cruz, recebendo assim no coração a dor de que havia estado livre no parto, o contemplasse sentado à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que corresponde a seu Filho, e que fosse honrada como Mãe e Escrava de Deus por todas as criaturas.” (S. João Damasceno, Homilia II na Dormição da Bem Aventurada Virgem Maria, n. 14 in: CARVAJAL, Padre Francisco Fernández, Vísperas – Solemnidad de la Asunción de la Virgen María).