Este tempo, chamado de comum, é, na verdade, um tempo extraordinário e de grandes graças no qual nós podemos viver com Jesus aqueles três anos de sua vida pública.
Ao longo desses domingos – este ano através do Evangelho de Marcos – , ouviremos as pregações do Senhor e também, com muita fé e devoção, seremos testemunhas das curas que Ele realizou. Além de aprenderemos tanta coisa com cada detalhe que nos será contada pelo evangelista, poderemos também experimentar em nós as graças que Nosso Senhor realizou.
De fato, irmãos, não temos o que invejar daquelas pessoas que viram e ouviram Jesus. Isso porque nós temos a certeza da sua presença redentora, hoje e aqui. Ouvimos a sua divina voz ecoando nesta Igreja pela proclamação da Sagrada Escritura e, de maneira muito especial e particular, Ele está vivo em nosso meio através da sua presença real na Santíssima Eucaristia.
Hoje o Senhor é muito claro sobre (1) as dificuldades que nós enfrentaremos ao segui-lo, (2) nos alerta para o pecado que não há perdão e (3) nos convida a fazer parte da sua família.
Acompanhemos esse breve itinerário de meditação que muito nos ajudará a crescer na amizade com o Divino Redentor.
1. Sobre os que recusam Jesus
As acusações que dirigem a Jesus são sérias. As autoridades judaicas, para desacreditar seu ministério e sua pregação, dizem que as suas obras eram de origem diabólica. Hoje as acusações continuam e, desta vez, contra o Corpo de Cristo, a Igreja.
Que nós também, como Jesus, não nos importemos com as acusações que o mundo nos faz. Nos rotulam de loucos, dizem que somos fanáticos e fundamentalistas, acusam-nos de sermos atrasados e mente fechada… Usam esses e tantos outros adjetivos para desqualificar não só a nós, mas os próprios ensinamentos de Jesus, que nós temos a missão de transmitir.
Se na própria família de Jesus teve quem pensasse assim, como poderíamos esperar que fosse diferente conosco, nos dias de hoje? Sobretudo num mundo que respira ódio e violência a tudo que diz respeito a Cristo e ao cristianismo.
Mas, como o próprio apóstolo nos disse na leitura que ouvimos, não podemos desanimar. De fato, “o volume insignificante de uma tribulação momentânea acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável” (2Cor 4, 17) no Céu!
2. O pecado sem perdão: rejeitar a Deus
Que pecado é esse que não tem perdão? Qual é essa blasfêmia contra o Espírito Santo que torna alguém culpado de um pecado eterno? É claro que não se trata apenas de alguma palavra proferida contra a terceira pessoa da Santíssima Trindade. É, na verdade, a rejeição da salvação que Deus nos oferece através do seu Filho no Espírito Santo.
Só há perdão se há arrependimento, se há propósito de mudança, se há intenção de conversão. Infelizmente há muitos que morrem não só rejeitando a Igreja e os Sacramentos, mas que deixam esta vida compactuados com o mal, sem desejo algum de amar a Deus e arrastam até ao fim o seu ódio ao bem.
O pecado contra o Espírito Santo é a escolha de rejeitar a redenção, de dizer “não” à salvação que nos conquistou Nosso Senhor no calvário. É decisão de viver preso e escravo do pecado e não dar o passo de confessar e buscar o perdão e a graça da vida nova.
Desta forma, a serpente, como no paraíso ao enganar nossos pais, continua sussurrando no ouvido de tantas pessoas a mentira de que Deus não é um amigo, mas um inimigo, do qual se deve ter medo e se esconder.
3. A família de Jesus
Longe de qualquer desrespeito com a sua Santíssima Mãe – como alguns mal intencionados querem fazer ao interpretar o evangelho que ouvimos – na verdade, Nosso Senhor aproveita a ocasião para um grande elogio à Virgem Maria.
Uma palavra ofensiva ou mesmo de desprezo de Jesus em relação à sua mãe seria um pecado contra o 4º mandamento da Lei de Deus que manda honrar pai e mãe. E sabemos muito bem que Jesus não pecou!
De fato, o que o Senhor diz no Evangelho se aplica, melhor do que a nenhuma outra pessoa, à Nossa Senhora, aquela que fez plenamente a vontade de Deus em toda a sua vida, aquela que disse: faça-se em mim segundo a tua Palavra!
Com essas palavras o que nosso Divino Mestre deseja também é que, motivados pelo seu pessoal exemplo e também apoiados pelo testemunho de Maria, que nós sejamos sempre dóceis à vontade do Pai, para sermos incluídos em sua família. Que São José e Nossa Senhora nos ajudem a viver a vontade de Deus, virtude que é a característica fundamental da Família de Nazaré.
Sagrada Família, rogai por nós!