A Missa, bem sabemos, é o banquete nupcial do Cordeiro. A palavra “núpcias” tem a ver com casamento. E é sobre isso que Jesus nos fala hoje, em nosso encontro dominical com o ressuscitado, sobre o matrimônio.
Como irmãos, membros de uma mesma família espiritual – como diz a Carta aos Hebreus – nos encontramos hoje como família de Jesus, e é dele que aprendemos o caminho da santidade.
A nossa reflexão percorrerá o seguinte itinerário: a família é projeto de Deus e o matrimônio é por toda a vida.
1. A família é projeto de Deus
A família faz parte do projeto originário de Deus. Foi isso que ouvimos no trecho do livro do Gênesis. Foi Ele que estabeleceu que o homem e a mulher deixariam a casa dos pais, se uniriam em matrimônio, e, casados, teriam os filhos. Esse é o plano de Deus!
Notem que existem um caminho que os jovens devem seguir: o namoro, o noivado, o casamento, o nascimento dos filhos. Quando se alteram essas etapas, pulando-as ou ignorando-as, as consequências geralmente não são boas.
É preciso, queridos pais, ensinar isso aos filhos! Quantos ataques às famílias! Cuidado com o que eles estão aprendendo na internet, na escola e na roda de amigos. Boa parte do que se fala é totalmente contrário ao plano divino! E dá errado!
Entendamos: assim como quando compramos um novo aparelho e temos que ler a instrução para usá-lo da maneira correta – e não correr o risco de estragá-lo – deve-se ler o manual da vida, que é a Bíblia. E o que acabamos de ouvir é um trecho desse manual falando a respeito do ser humano: Deus tem um plano, que é a família, sem ela as coisas não ficam bem!
Aqui poderíamos lembrar de algumas orientações para cada um de vocês:
- Aos casados, convido-vos a renovar as promessas do vosso matrimônio (especialmente a fidelidade). Sejam fiéis à vocação familiar. Sejam abertos à vida (Deus é o único criador, mas os pais participam, de certa forma, do contínuo ato criador que se renova na geração dos filhos). Cuidem da educação religiosa das crianças. Quanta coisa os filhos podem aprender de seus pais vendo-os viver o evangelho vivo que é o matrimônio!
- Aos jovens e noivos, peço que se preparem bem para em breve receberem o Santo Sacramento do Matrimônio. Não pulem as etapas próprias dessa preparação, isso é para que vocês sejam felizes! O ato conjugal, por exemplo, só tem sentido dentro do matrimônio, onde a entrega de um pelo outro é muito mais do que uma mera busca de prazer, mas é doação, desde agora e por toda a vida.
2. O matrimônio é por toda a vida
A fidelidade matrimonial e o problema do divórcio nunca foi um tema fácil. Vejam que a polêmica a respeito do divórcio não é de hoje. Na época de Jesus, quando ele ensinou que o matrimônio é até à morte, muitos acharam que isso era muito exigente, muito duro. Dizem isso até hoje!
Havia dois grupos entre os judeus a respeito deste assunto. Havia o grupo os que defendiam que qualquer motivo poderia justificar o repúdio (para eles, se a mulher deixasse queimar a comida, por exemplo, isso já era motivo para o divórcio). O outro grupo que ensinava que o motivo deveria ser grave.
A questão é apresentada a Jesus porque os fariseus queriam colocá-lo à prova. E a resposta de Jesus surpreende a todos: o casamento é até que a morte os separe!
No tempo de Jesus esse tema gerou grande discussão e nos nossos dias é mais difícil ainda, quando a cultura do descarte se estabelece com vigor. A regra nessa mentalidade é: usar e depois jogar fora.
Temos que tomar cuidado com a “dureza do nosso coração”, que leva muitos casais a reduzirem a grandeza do matrimônio. O coração duro que não perdoa, que não tem paciência, que não aprende a dialogar, que não reza, é caminho para a separação…
A separação dos casais não é algo a se acostumar. Quanto sofrimento, trauma e tristeza, especialmente para os filhos, causam o divórcio!
Aproveitando desse tema, convido aos casais que já vivem juntos, mas que ainda não receberam o sacramento do matrimônio. Procurem o sacerdote e façam a necessária preparação para o casamento na Igreja. Através deste sacramento vocês receberão graças especiais para viverem esse estado de vida.
Para concluir, convido-vos a perceber que no evangelho Jesus valoriza dois grupos que eram colocados à margem: as mulheres (que poderiam ser repudiadas por qualquer motivo) e as crianças (vistas como inúteis e sem importância). O Senhor não se esquece dos esquecidos!
Após ensinar sobre a dignidade da mulher, Jesus aproveita da presença das crianças para completar a formação dos discípulos, a dos doze e também a nossa: nos indica o modelo de simplicidade e inocência – o da infância espiritual, como fez Santa Terezinha – como caminho para o Céu.
Maria, esposa de São José, rogai por nós!