O tempo comum nos permite viver várias experiências do ministério de Jesus. Entre essas experiências se incluem também alguns dos seus “insucessos”.
Para perceber que o fracasso pode acontecer (e geralmente acontece) na vida do cristão, a primeira leitura nos fez ouvir as palavras de Deus que preparava o profeta Ezequiel para a possibilidade de ser rejeitado pelo povo.
A partir desse tema, esta catequese dominical nos chama a meditar sobre três atitudes que precisamos inserir (ou então fortalecer) em nossa vida:
1º Aprender que Deus está bem próximo, está em nosso cotidiano
Um tempo depois de ter iniciado o seu ministério, Jesus volta para a cidade onde passou boa parte da sua vida. Os nazarenos ficaram admirados, diz São Marcos. Mas não se trata de uma admiração positiva, que leva à mudança de opinião. O que os deixava admirado é como pode esse rapaz, que eles viram crescer, ser capaz de ensinar e de fazer coisas assim?
Parece que um dos motivos da rejeição é justamente a incapacidade de pensar que ali, na aldeia onde eles viviam, algo tão grande pudesse acontecer. Parece que Deus não poderia estar ali, numa vila pobre, fazendo trabalhos ordinários, indo na sinagoga junto com eles, trabalhando em uma oficina, indo buscar água no poço…
Esse risco também nos ronda: a incapacidade de reconhecer o Senhor no cotidiano, nas atividades ordinárias, na exigência da vida de família, nas fadigas do trabalho… Acolher Jesus em “nosso Nazaré”, eis o desafio que se apresenta a todos nós.
2º Aprender a lidar com a rejeição
Ser rejeitado por desconhecidos já é difícil, porém, mais difícil ainda é ser rejeitado por aqueles que são próximos. A serenidade com que Jesus aceita essa contrariedade na sua missão é um exemplo para não nos deixarmos vencer pelo desânimo quando também nós somos rejeitados. Em modo particular quando a rejeição não é precisamente contra nós, mas àquele que anunciamos, Jesus Cristo.
Como esse fato da sua vida, Nosso Senhor quer nos motivar a continuar fiéis à missão quando em nosso apostolado (nas diversas atividades paroquiais) encontramos dificuldades e somos tentados a desistir.
Somos exortados a entender que as incompreensões são também ocasiões para testemunhar a nossa fidelidade à Jesus, passando por aquilo que Ele também passou.
3º Aprender que a graça de Deus nos basta
Paulo confidencia aos Coríntios e a nós que ele pediu a Deus para livrá-lo de uma fraqueza. Mas Paulo não foi atendido. Ao invés de pensar que Deus não ouve a sua oração, ele chega à uma conclusão: essa situação é uma maneira de confiar mais na graça divina e deixar de lado a minha soberba.
O que Deus disse a Paulo nos serve particularmente quando temos alguma dificuldade que até agora não foi possível superar: na nossa fraqueza Deus manifesta a sua força. É na fraqueza, é no aparente fracasso, são nas derrotas cotidianas, que Deus manifesta seu poder! Foi assim na Cruz, é assim na vida da Igreja, é assim na vida de cada cristão…
Os sofrimentos, as incompreensões, as frustrações, as limitações são ocasiões para repetir em meu coração: Tua graça me basta! Posso não ter conseguido superar essa dificuldade, mas a tua graça me basta! Posso não ter conseguido o que pedi na oração, mas a tua graça me basta! Posso não ter tido sucesso na minha atividade pastoral, mas a tua graça me basta! Eis o segredo que nos é revelado neste domingo.
