Pastor Bonus

17º Domingo do Tempo Comum

 Encontramo-nos, irmãos, neste domingo para rezar. Na Santa Missa é Cristo que reza ao Pai no Espírito Santo. Quando rezamos imitamos a Cristo que sempre rezou, do começo ao fim de sua vida. É Ele que ao entrar no mundo – rezando – disse: “Eis que venho fazer com prazer a vossa vontade, Senhor”. É Ele que no alto da Cruz, no último suspiro, em oração entregou-se ao Pai. A vida de Cristo é uma constante oração. Por isso que o trecho do evangelho que ouvimos hoje inicia-se com este detalhe: Jesus estava rezando. 

E assim como os discípulos, nós também pedimos a Jesus: “Senhor, ensina-nos a rezar!”. É sobre esse tema que hoje meditaremos nesta reflexão: sobre a oração. Por isso, vamos procurar responder três perguntas importantes, para assim melhorar a nossa oração – comunitária e pessoal – e desta forma aumentar a nossa amizade com Deus.

1. O que é a oração?

A oração é um diálogo. Notem bem, é um diálogo, ou seja, não é apenas o homem que fala na oração, mas Deus também fala, Ele se comunica conosco. Há orações que recebemos da Igreja – e algumas do próprio Senhor, como o Pai-Nosso – que são modelos para a nossa oração pessoal. A Igreja possui um rico patrimônio de orações elaboradas ao longo dos séculos, algumas por grandes santos, e que não podem, de forma alguma, serem menosprezadas. Fará bem ter um bom livro de orações!

A oração possui duas características importantes: o coração aberto e a amizade com Deus. Abrir o coração quer dizer que, ao rezar, não precisamos ter medo de tocar em assuntos que pareçam tão complicados. Em outras palavras: quando rezar seja respeitoso e, ao mesmo tempo, ousado, como Abraão na primeira leitura. Além disso, no meu momento de oração devo lembrar que estou diante do Senhor, é meu amigo, não é um estranho, não preciso marcar hora nem preocupar-me demais com as palavras. 

2. Por que rezar?

Um grande obstáculo para a oração – depois da preguiça – é a justificativa que muitos dão de que, como Deus tudo sabe, parece ser vão o tempo que se passa diante Dele contando sobre mim, minhas alegrias e tristezas, pedindo ou agradecendo, coisas que Ele certamente sabe muito melhor do que eu.

Sim, é verdade que Deus tudo sabe (Ele é onisciente, como aprendemos na catequese), mas também é verdade que o próprio Deus encarnado nos ensinou a importância da oração, dando-nos Ele mesmo o exemplo. Se Cristo rezou, por que eu não vou rezar? 

Uma outra coisa importante para compreender a necessidade da oração é justamente o fato que, ao rezar, o homem se coloca na condição de um pedinte. É evidentemente uma certa atitude de humilhação já que aquele que pede faz isso porque não possui e se reconhece necessitado. Aprendamos isso: rezar me faz crescer na virtude da humildade, quebra meu orgulho e me torna mais agradável aos olhos de Deus que “olha para a nossa humildade”, como cantou a Virgem no Magnificat. 

3. Como rezar?

Ao ver Jesus rezar – uma cena que certamente impressionou os discípulos e que também nos deve provocar – os apóstolos pedem que o Divino Mestre os ensine a fazer a oração. E Jesus os ensina uma oração que provavelmente Ele mesmo rezava. Na oração do Pai-Nosso encontramos o resumo de tudo aquilo que não pode faltar em nossa oração cotidiana. 

Dentre os vários pedidos do Pai-Nosso há um que parece oportuno destacar hoje: “Seja feita a tua vontade!”. Eis aqui o centro da oração cristã! Aprendamos: não rezamos com a finalidade de convencer a Deus de que a nossa proposta para determinada situação é melhor ou mais justa, rezamos porque, antes de tudo, pedimos a Deus que Ele nos ajude a acolher a vontade divina. Pois como dizia São Rafael Barón: “Quem é louco de não querer o que Deus quer?”. Deus é Pai, vai me dar o que é melhor!

Um último detalhe parece ser importante destacar: a necessidade da perseverança. Sejamos insistente, não nos cansemos de nos apresentar diante do Senhor em oração, não abandonemos a Missa, o terço, as novenas, a meditação da Bíblia, a oração aos nossos santos de devoção. Nunca saímos de mãos vazias da oração, ainda que feita com pouco vontade de rezar. É uma desculpa muito fraca dizer que só se deve rezar quanto tem vontade. Saibamos que Deus nos responde sempre e de maneira muito melhor do que poderíamos pedir e esperar.

Maria, mestra da oração, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

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