Pastor Bonus

26º Domingo do Tempo Comum (Ano C)

É o Senhor quem nos acolhe em sua casa, para ouvir sua voz e para nos alimentar. É na casa do Senhor que nós nos sentimos filhos e somos acolhidos.

E isso acontece porque aqui está a família de Deus, aqueles que nasceram do mesmo útero da Igreja, a pia batismal. É por isso que, como irmãos, nos encontramos diante de uma mesma mesa, um mesmo altar, um mesmo pão e um mesmo cálice.

É a partir disso, lembrando que somos irmãos, que vamos ouvir dois importantes conselhos de Nosso Senhor: o primeiro é que “a indiferença mata” e o segundo é que “a solidariedade salva”.

Mas antes ainda de entrar nesses dois temas, gostaria de chamar a atenção para um detalhe interesssante: o valor da Palavra de Deus! (Este é o último domingo do mês da Bíblia). Abraão, no final do Evangelho, responde ao rico: “Eles têm Moisés e os profetas”. É como se dissesse que nós já temos a Revelação, isso é suficiente para crer e nos converter.

Pois bem, escutemos Moisés, os profetas, e sobretudo aquele que é maior do que todos eles: Nosso Senhor!

Há ainda um outro detalhe que eu gostaria de destacar. Apenas o pobre tem um nome, ele se chama Lázaro. O rico, certamente muito mais conhecido e importante, não é chamado pelo nome. Eis uma primeira lição: Deus não se esquece dos esquecidos.

1. A indiferença mata

O rico do Evangelho não foi condenado porque tinha bens, mas porque foi indiferente. Ele não enxergava o pobre que estava à sua porta, sofrendo e esperando migalhas. A indiferença mata porque fecha o coração, apaga a compaixão e nos faz viver como se só a nossa vida importasse.

Possuir bens sem ser possuído por eles, eis o segredo!

O profeta Amós, na primeira leitura, já denunciava essa mesma atitude de quem se deitava em leitos de marfim, e não estava nem aí para a dor dos irmãos.

Quantas vezes também nós corremos o risco de viver distraídos, ocupados com nossas coisas, sem perceber a necessidade de quem está ao lado (talvez dentro da nossa família!). A indiferença mata os vínculos, esfria o amor, destrói a comunhão.

2. A solidariedade salva

Se a indiferença mata, a solidariedade é capaz de salvar. Não é preciso fazer coisas extraordinárias, mas pequenos gestos concretos de cuidado já são capazes de mudar muita coisa.

Uma visita a um doente, uma escuta paciente, a partilha de um alimento, um pouco de tempo oferecido com amor… Tudo isso já nos coloca no caminho da salvação.

São Paulo recorda a Timóteo que o cristão deve lutar o bom combate da fé, vivendo a justiça, a piedade e a caridade. Todas esses virtudes que ele cita (justiça, piedade e caridade), são respostas práticas da fé, é o que dá sentido ao nosso seguimento de Cristo.

Quantas outras coisas Nosso Senhor pode nos ensinar através dessa parábola! Eis alguns exemplos:

  • O tempo de amar não é amanhã, mas hoje. Não adiar a graça: a hora de voltar-se para Deus é hoje. Pode ser que não tenhamos tempo depois, como queria o rico.

  • O rico da parábola se preocupou apenas com este mundo, se esqueceu de que a vida passa rapidamente e vem o juízo de Deus. “Lembrar-se do fim último para viver bem o presente.”

  • Quando somos solidários, antecipamos já aqui a alegria do Reino de Deus, onde todos têm lugar à mesa do Senhor.

Este domingo, irmãos, somos chamados a renovar a esperança na vida eterna. Não adiemos a conversão, não nos enganemos com os prazeres passageiros; a salvação é hoje, e a eternidade nos espera. Amém!

Maria, mãe da caridade, rogai por nós!

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