Pastor Bonus

28º Domingo do Tempo Comum (Ano B)

Como é bom saber que o Senhor fala conosco. Podemos sair daqui com a certeza de que escutamos a sua própria voz, quando foram proclamados os textos bíblicos.

Saber disso nos compromete pois, sendo assim, a Palavra de Deus não pode “entrar por um ouvido e sair pelo outro”. Trata-se de uma palavra viva, como disse a Epístola aos Hebreus, ou seja, ela foi escolhida pelo Senhor porque nós precisamos ouvir precisamente o que acabou de ser proclamado.

Vejam como isso é verdade. O Evangelho nos apresenta um jovem que vai ao encontro de Jesus, ou melhor, ele “corre”. Que detalhe interessante! Assim também nós, devemos correr ao encontro de Jesus, para lhe apresentar nosso desejo sincero de vida, e vida eterna. 

Ele não está mal intencionado – como os fariseus que faziam perguntas para tentar Jesus -, é um jovem aparentemente virtuoso. Porém ele teve medo e apego. Por conta de sua indecisão deu um passo atrás ao convite para ser discípulo. 

Tendo ouvido esse fato, convido-vos a pedir duas coisas a Deus nesta Santa Missa: pedir a sabedoria divina para saber fazer boas escolhas e a também pedir um coração livre de apegos das coisas que passam. 

1. Pedir sabedoria divina 

A Sabedoria, “mais preciosa que o ouro”, como nos fala a primeira leitura, é primeiramente uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é a Sabedoria Encarnada, o Verbo Divino, a Palavra eterna do Pai. Ele é a Verdade que nos diz por onde andar, o que fazer, como agir e o que esperar. 

Mas a sabedoria também é um dom do Espírito Santo, que vem de Deus e que nos ilumina para tomar boas decisões, de ter palavras edificantes, de saber o caminho a trilhar. Quem de nós não precisa dessa sabedoria nos estudos, nos trabalhos, na administração da vida familiar?

2. Pedir um coração desapegado

É importante saber que muitos amigos e seguidores de Jesus eram ricos. Só para citar lembro dois: José de Arimatéia, que possuía muitos bens, e  Zaqueu, que também tinha uma enorme fortuna. Quantas pessoas sabem fazer bom uso da riqueza que com honestidade conseguiram conquistar!

Tanto é verdade que Salomão – que pediu a Deus sabedoria – foi um homem que viveu cercado de bens terrenos, e a sabedoria lhe permitiu não prender o coração no ouro e na prata. 

Isso nos leva a crer que o problema não está no saldo da conta bancária, mas no modo de se relacionar com os bens. O perigo é que com muita facilidade o nosso coração começa a idolatrar o dinheiro!

O convite feito àquele jovem também é feito à nós: venha comigo, deixa eu ser o teu tesouro, permita-me dar-te o que nada e ninguém pode te dar: uma vida feliz, que começa aqui, e que será plena na eternidade!

A questão principal é como está organizada a nossa lista de prioridades (aquilo a que damos mais importância). Onde está meu coração? Ali está o meu tesouro!

Em outras palavras: no que fico pensando? O que tem me preocupado? Qual é o motivo pelo qual tenho vivido, trabalhado, sofrido ou até mesmo chorado? Nas respostas dessas perguntas conseguimos identificar nossos apegos, nossas esperanças, nossos sonhos e, até mesmo, o sentido da nossa vida. 

Em síntese: o que devo fazer para possuir a vida eterna?

  • Primeiro: viver de acordo com o caminho da felicidade proposta nos mandamentos da Lei de Deus.
  • Segundo: colocar nossa segurança e esperança no Senhor, seguindo os seus passos.
  • Terceiro: saber que a salvação não é uma conquista (ou um prêmio), é de graça!

Para concluir recordo que, muito provavelmente, Marcos escreveu seu evangelho ouvindo a pregação de Pedro. E tudo leva a crer que é verdade, pois quem recordaria um detalhe tão simples como o olhar cheio de amor de Jesus para aquele jovem senão quem tivesse também experimentado ser fitado por aquele olhar? (Cf. Jo 1, 42). 

Hoje o Senhor também nos olha. Permita ser alvo desse olhar de quem te ama de verdade! Deixe ser atraído por esse olhar que te quer bem e quer te ensinar o caminho do céu!

Deus nos ama desde toda a eternidade e hoje renova esse amor através da Santíssima Eucaristia, a nossa maior riqueza, o nosso grande tesouro!

Maria, mãe da Divina Graça, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

Texto para meditação 

“Parece que Jesus aconselha os ricos a transferirem seu capital para o exterior! Não para a Suíça, mas para o céu! Muitos – diz Agostinho – se esforçam para colocar o próprio dinheiro na clandestinidade, privando-se até do prazer de vê-lo, às vezes para o resto da vida. Por que não colocá-lo em nada menos do que o céu, onde seria muito mais seguro e onde será encontrado novamente, um dia, para sempre? Como fazê-lo? É simples, prossegue Santo Agostinho: Deus te oferece nos pobres, os porteiros. Eles vão aonde você espera um dia. A necessidade de Deus está aqui, nos pobres, e ele a devolverá quando você for lá”. (Raniero Cantalamessa, XXVIII Domingo del tiempo ordinario, Ciclo B. ¡Qué difícil es que un rico entre en el Reino de los Cielos!)

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