Pastor Bonus

2º Domingo da Páscoa

“O Ressuscitado vive entre nós! Aleluia!” Este é o segundo domingo da Páscoa. Quis São João Paulo II chamá-lo de “Domingo da Divina Misericórdia”.

Num dia como hoje, o Senhor apareceu aos discípulos. Ele que já havia aparecido no domingo passado, oito dias antes, na manhã da Páscoa, aparece hoje de novo. E será assim, irmãos, até o fim: todos os domingos o Ressuscitado aparecerá aos seus discípulos reunidos na Missa Dominical!

E neste domingo o Senhor chama-nos à aprofundar o sentido da alegria pascal. E por isso hoje nos fala de dois presentes que Ele mesmo nos dá: a e o perdão. Falemos, pois destas duas “bem-aventuranças”:

1. Bem aventurança da fé

“Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Crer em Cristo é o primeiro motivo da nossa alegria, como recordou S. Pedro na epístola. Ele que viu Cristo ressuscitado e sem medo anunciou isso a todos.

Tomé, que não estava com a comunidade apostólica quando Cristo apareceu pela primeira vez, não acreditou na Igreja. Em outras palavras podemos dizer: Tomé não acreditou no Papa, nos outros Bispos e nos fiéis. Ele não acreditou no testemunho dos seus irmãos e no testemunho das mulheres que viram Cristo ressuscitado.

Tomé é a imagem do mundo infiel, que não quer crer, que diz só acreditará se tiver provas e mais provas. Mas diferente de Tomé, muitos dos que vivem na incredulidade, mesmo vendo as provas, não se dão por vencidos. Quantos não acreditam nos ensinamentos de Cristo, transmitidos pela Igreja e seus apóstolos, mesmo vendo os sinais do ressuscitado!

Por outro lado, aquele que se tornou na expressão popular sinônimo da “falta de fé” é quem nos dá a graça de ter mais uma evidência de que Cristo ressuscitou. Diz S. Gregório Magno, numa homilia sobre este evangelho: ao tocar Nosso Senhor Tomé “cura em nós a chaga da incredulidade” (Obras. Madrid: BAC, 1958, p. 665). E por isso nós hoje devemos proclamar a todos, sem medo, como os discípulos: “Vimos o Senhor!” (Jo 20,25).

2. Bem aventurança do perdão

O outro motivo de nossa alegria é o perdão. Felizes os que bebem da fonte que é a Eterna Misericórdia! No dia de hoje podemos testemunhar a instituição do Sacramento da Reconciliação pelo sopro e pela missão que Cristo dá aos seus amigos.

De fato o Senhor dá aos sacerdotes o poder de perdoar os pecados. É o poder de fazer como Ele: abrir as portas fechadas.

Aqui poderíamos ver dois sentidos para essas portas trancadas: por um lado as portas do céu que se fecham para os que não se abrem à misericórdia através da confissão; por outro lado é também sinal da força do Senhor de converter os corações mais endurecidos, e trancados em seu medo e incredulidade.

Por isso rezemos hoje por tantos corações fechados, pelo nosso e pelo das pessoas que convivem conosco: que ainda resistem à Divina Misericórdia; que não acreditam em Nosso Senhor e na sua ressurreição; que não querem acreditar na Igreja e nos seus apóstolos; que não querem pedir ou dar o perdão!

Irmãos, o perdão vem sempre acompanhado da paz! E aqueles que se afastam do perdão ficam com o coração perturbado! Enquanto eu não for corajoso o suficiente para pedir perdão, não terei paz; enquanto não me aproximar desta experiência de amor que é o sacramento da confissão, meu coração ficará sempre medroso.

Jesus quando apareceu à Madre Faustina pediu que ela anuncia-se quanto amor e misericórdia Ele quer derramar sobre o mundo! Como é bom saber disso, o Senhor nos ama e mesmo sabendo de nossas infidelidades nos chama a fazer a experiência do perdão, da misericórdia, do começar de novo!

De fato, Deus não é um policial que nos vigia o tempo todo para ver em quais erros vamos cair; Deus não é um arquiteto que planejou e fez o mundo e depois de pronto sumiu e deixou-o sozinho. Esse não é o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo! Ele é Deus conosco: Ele é o amor que se encarnou para viver sempre ao nosso lado.

Convido-vos a concluir esta meditação olhando para as chagas gloriosas de Cristo.

Que interessante este detalhe: as feridas dos cravos e da lança não sumiram! As marcas do espancamento e os machucados causados pela tortura já não existem mais no corpo glorioso, mas as chagas permanecem! E por quê? Para nos mostrar que o ressuscitado é Aquele que foi crucificado; para nos lembrar que seu amor é eterno; para nos dar a certeza de que é por suas chagas que somos hoje curados!

Por fim lembremos-nos de Maria, que é invocada na Salve Rainha como “mãe da misericórdia”, que seu auxílio nunca nos falte, principalmente quando mais precisarmos da misericórdia e do amor do Senhor.

Rezemos a oração que está no quadro da Divina Misericórdia:

“Jesus eu confio em vós!”

(Pe. Anderson Santana Cunha)

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