Durante este retiro espiritual de preparação para o Natal que é o tempo do Advento, a Igreja nos faz ouvir sobre João Batista. Neste e no próximo domingo ele aparecerá nos evangelhos apontando Nosso Senhor, o Cordeiro de Deus.
E assim como João ajudou a preparar o povo de Israel para receber o Salvador, ele também nos preparará para a celebração do Santo Natal. E mais, nós também somos chamados a sermos “precursores”, que anunciam com a vida e com a palavra a fé em Jesus.
A partir das leituras que ouvimos podemos considerar em nossa meditação três pontos fundamentais:
1. A história de Jesus é real!
A abundância de referências às autoridades da região onde Jesus viveu é uma maneira evidente do evangelista Lucas – que é um historiador – deixar claro que a história de Jesus não é uma lenda ou um conto mítico, mas é uma história real, de um homem de verdade, que viveu em nosso mundo, em um determinado período histórico.
A nossa fé, irmãos, é fundada em fatos reais, históricos, não são frutos de sonhos ou alucinações coletivas. Deus intervém na história, na nossa história – e isso sabemos porque nós também experimentamos essa graça. A encarnação, a vida de Jesus em Nazaré, a sua vida pública, a sua morte e – mais ainda – a sua ressurreição, são fatos verídicos, não são invenções da comunidade cristã!
Deus é o Senhor da história! Todavia, o maior acontecimento da história, o nascimento de Jesus, acontecerá praticamente no anonimato, apenas alguns pastores e uns magos vindo do oriente irão ao encontro do menino Deus. Isso significa, explica o Papa Bento, que “para Deus, os grandes da história servem de moldura para os pequenos!” (1)
2. Temos que “arrumar a casa”
Uma imagem muito bonita nos é apresentada com frequência ao longo do advento: os vales aterrados e as colinas e montes abaixados. Para quem vive em uma região montanhosa essa notícia – a do caminho aplainado – é uma verdadeira alegria!
Há muito significado escondido atrás dessa figura de linguagem. Gostaria de recordar dois: (a) o primeiro é que se anda muito mais rápido e com mais segurança num caminho plano do que por uma estranha em meio a montanhas e vales; isso nos lembra que Deus, através de seu Filho, aplainou, ou seja, encurtou o caminho para Ele; (b) o segundo significado é que Deus quer preencher com esperança os vales dos nossos desânimos e eliminar as colinas e os montes do orgulho e da auto suficiência.
Quando um rei ou uma pessoa importante visitava uma cidade se fazia uma grande preparação para recebê-lo. Principalmente se arrumavam as estradas pelas quais ele passaria: as que estavam tortas eram endireitadas, os montes de terra eram nivelados e os buracos eram preenchidos. Assim como quando nós vamos receber uma visita procuramos colocar a casa em ordem para acolher bem.
Nós também estamos nos preparando para receber o nosso rei, e devemos também arrumar os caminhos para recebê-lo! É preciso, como nos alertou os profetas, endireitar, arrumar, colocar em ordem as coisas em nossa vida, em nosso coração! Por isso que o principal conteúdo da mensagem de pregação de João é o chamado à conversão.
3. Não viver como um “desesperado”
O convite à esperança e à alegria, bem como o chamado para mudar a nossa tristeza em alegria, o pecado em graça, foi prefigurados na mensagem profética que Deus enviou ao povo de Israel que estava no exílio da Babilônia. Por isso que a mensagem de João e os textos bíblicos deste tempo repetem as palavras dos profetas Isaías e Baruc.
Hoje a grande maioria das pessoas não esperam nada nem ninguém. Vivem sem esperança. Mas nós somos o povo da esperança, um povo que sabe o que espera! A nós e a essa grande multidão de “desesperados” a primeira leitura diz: se aproxima o dia da salvação!
Nós, cristãos, não vivemos esta vida como quem não sabe de onde veio nem pra onde vai. Nós temos a alegria de conhecer o plano de salvação de Deus, devemos ser homens e mulheres cheios de esperança, pois essa esperança não decepciona! É essa esperança que devemos anunciar ao mundo!
Que estejamos sempre atentos à Palavra do Senhor, para que, como disse São Paulo, aquele que começou em nós uma boa obra, a leve à perfeição.
Maria, mãe da esperança, rogai por nós!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
(1) Papa Bento XVI, Angelus, 9 de dezembro de 2012.