Continuamos o nosso retiro espiritual em preparação para o Natal. Em cada domingo do Advento é como se a Igreja preparasse uma especial meditação para nos ajudar a viver de modo profundo o mistério da Encarnação de Nosso Senhor, cuja celebração se aproxima. E para nos ajudar nesse percurso surge no Evangelho de hoje a figura de João Batista.
Diz o precursor: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” (1). Aqui cabe uma pequena explicação geográfica: Jerusalém é cercada de deserto e quando alguém importante ou mesmo os peregrinos deveriam chegar à cidade santa, era necessário preparar o caminho, cortar o mato, preencher os buracos, consertar alguma ponte…
É a partir dessa imagem que hoje nós somos convidados a também “preparar o caminho”, não aquele físico das estradas, mas o de nossos corações. Meditemos sobre como “preparar o caminho” para a chegada do Senhor.
1. Converter é preparar o caminho!
Quantas coisas precisamos endireitar dentro de nós! Quantas “colinas” precisam ser abaixadas! Quantos “vales” precisam ser aplainados! São imagens para nos falar de coisas que precisam ser corrigidas, tiradas, ou coisas com as quais precisamos preencher nossas vidas.
O movimento do Batista era um movimento de conversão, as pessoas o procuravam para confessar os pecados e serem batizados. João é importante no advento não só porque anuncia a vinda de Jesus, mas por causa do espírito do advento. Confessar os pecados é preparar o caminho para o nascimento do Senhor. Eis uma boa dica para preparar-se bem para o Natal!
2. Saber esperar é preparar o caminho!
A primeira leitura nos narra uma cena que parece impossível: o fim do mal, do perigo. Essa profecia é um convite à esperança, de um fato que já se realizou e que será plenamente realizado. Enquanto todos os dias nos chegam notícias tristes e que muitas vezes nos desespera, a Igreja hoje nos proclama que uma feliz esperança.
Mas atenção! A nossa esperança não é em algo, mas em alguém. Naquele que pode, de fato, satisfazer nosso desejo de vida, de felicidade, de alegria, de salvação! Essa é a esperança que alimentava o povo de Israel, como escutamos de Isaías, e é também a nossa esperança, esperança que se realiza no mistério do Natal e que será plena na segunda vinda do Senhor.
O modelo de escuta da voz de Deus é a Virgem Maria, a Imaculada Conceição, que ela nos ajude a acolher o Senhor, que está para chegar.
Maria, ouvinte da voz de Deus, rogai por nós!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
(1) Embora o texto a que se refere essa passagem, na profecia de Isaías (Cf. Is 40,3), coloque os dois pontos depois da palavra “grita”, o sentido continua muito parecido.