No segundo domingo do ciclo do tempo comum a Igreja nos leva à uma festa de casamento. Notai que hoje estamos diante de uma terceira manifestação de Jesus: no domingo passado celebrávamos a teofania no Jordão e no domingo anterior a teofania diante dos magos. Hoje a manifestação se dá num casamento, em Caná da Galileia.
É Deus que se revela, que se manifesta a nós, que vem ao nosso encontro, também hoje, nesta Santa Missa. Pois como ensinava Santo Irineu, o vinho de Caná é também símbolo da Eucaristia (1), do sangue do redentor que tocará em nossos lábios hoje na hora da comunhão.
É interessante lembrar que, segundo uma antiga tradição, tanto a visita dos Magos, quanto o Batismo de Jesus e o milagre em Caná teriam ocorridos sempre no dia 06 de janeiro. É claro que isso não é um dogma, mas essa intuição coloca-nos diante de uma verdade: esses três importantes mistérios da vida de Jesus são “epifanias”, ou seja, ocasiões da manifestação de Deus aos homens.
Alguns ensinamentos podemos meditar a partir desse primeiro milagre de Jesus:
1. O matrimônio é sagrado
Antes de tudo, é sempre importante recordar a sacralidade do matrimônio entre o homem e a mulher. Convém mais uma vez, ainda que de forma breve, convidá-los a resgatar a importância do sacramento do matrimônio:
- aos casais que já o receberam, renovai-o sempre;
- aos casais que ainda não selaram a sua aliança diante do altar, procurai a Igreja para que possam receber esta graça;
- aos jovens, se prepararem bem para esse estado de vida, aprendei com os bons exemplos de fidelidade que encontrais na comunidade de fé.
Em quantos casamentos, em nossos dias, falta o vinho, sim, o vinho da alegria, mas também o vinho da fidelidade, do amor, da doação, da entrega, do sacrifício…
E o que fazer para que isso não aconteça? Convidar Cristo para o casamento. Em outras palavras mais diretas: casais, rezem juntos, venham à missa juntos, assim não vos faltará o vinho! A presença de Jesus santifica nossas casas, nossas famílias, o vosso matrimônio!
Rezemos hoje, de modo especial, pelos casais, principalmente pelos que passam dificuldades!
2. Cristo é o esposo da humanidade
Além de nos ensinar que o casamento é sagrado, a presença de Jesus numa festa nupcial nos recorda de um outro casamento: a união mística entre Deus e a humanidade. Tal aliança foi anunciada pelos profetas, uma “nova e eterna aliança”. É sobre isso que falou-nos Isaías, na primeira leitura: a alegria do noivo é sua noiva, a alegria de Deus somos nós!
E onde essa festa de casamento se realiza? Na Santa Missa! Pois aqui celebramos o sacrifício da eterna aliança, selada no alto da Cruz. A “hora” de Cristo, que não havia chegado ainda, é a hora de sua paixão, de sua entrega no calvário. Entrega que se torna presente, viva e real em cada Eucaristia que é celebrada. Sim, esta é a festa das “bodas (do casamento) do Cordeiro” (Ap 19, 7.9).
3. Pedir ajuda à Nossa Senhora
Maria hoje nos ensina a rezar. Não diz o que Jesus tem que fazer, simplesmente apresenta uma necessidade: “eles não têm mais vinho”.
Hoje também aprendemos o grande poder de intercessão de Nossa Senhora. A Virgem está sempre atenta às nossas necessidades, mas é preciso que a convidemos sempre (assim como aquele casal) para que ela participe de nossas vidas.
Deveríamos correr com mais frequência ao encontro da Virgem, e lhe apresentar nossas súplicas. Se ela alcançou a graça de que aquela festa não fracassasse, não alcançará também os milagres de que tanto necessitamos?
Em dois momentos cruciais, Jesus se refere à sua mãe chamando-a de “mulher”, no início e no fim, em Caná e no Calvário, no começo e na conclusão da obra redentora está a Virgem Maria. À Virgem, que o Evangelho de hoje mostrou-nos a força de sua intercessão, peçamos as graças de que tanto necessitamos!
Maria, poderosa intercessora, rogai por nós!
(1) Adversus Haereses, III, 16, 7.
Textos para meditação
É interessante notar que São João registrou a quantidade de água que foi transformada em vinho. Alguns estudiosos dizem que seria algo em torno de 480 a 720 litros. É muita coisa! Isso é para nos mostrar um importante sinal da presença messiânica: a abundância (cf. Gn 27, 28). O Senhor sempre nos dá muito mais do que pedimos e merecemos!