No caminho para Jerusalém Jesus encontra muitas pessoas. Ouvimos nesta Missa um segundo encontro que aconteceu em Jericó: depois da cura do cego, hoje, nos é narrada a cura do coração de Zaqueu (que também foi um grande milagre!). Hoje também o dia de nosso encontro com o Senhor, hoje é o dia da cura de nosso coração.
Quem são os publicanos? Eram os responsáveis por receber os impostos para Roma, aos quais eles acrescentam outras taxas das quais faziam as suas fortunas. De tal forma não é difícil de entender porque os judeus não os viam com bons olhos.
Eu vos convido a meditar as duas cenas do evangelho para colher a sua bela mensagem para a nossa vida:
1ª Cena: Zaqueu sobe na figueira (Ele queria ver Jesus!)
Embora tivesse muito dinheiro, Zaqueu sentia um grande vazio, algo de importante lhe faltava. Assim vivem os homens de hoje, cheios de coisas que passam, mas insatisfeitos por não ter encontrado as que não passam.
Enquanto o cego de Jericó não podia ver Jesus por conta da sua cegueira, Zaqueu não podia ver Jesus pela sua baixa estatura. Notem: eles não param em suas limitações, se esforçam o máximo que podem para não perder aquela oportunidade de encontrar-se com o Senhor.
Zaqueu não se importa com o que vão pensar dele, sobe em uma árvore, como uma criança. Todo o esforço para nos aproximar de Jesus será recompensado. Ele não teve vergonha de fazer de tudo para encontrar-se com Cristo: a humildade de Zaqueu questiona a nossa arrogância!
Eu também preciso querer “ver” Jesus, ser alcançado por seu olhar, estar na sua presença. É por isso que, na segunda leitura, ouvimos como uma oração de São Paulo pelos cristãos para que queiram sempre ver Jesus.
A frase que diz Jesus é muito importante: “eu devo ficar na sua casa!”. Jesus sente esse dever, por que essa é a sua missão: buscar o que estava perdido (cf. Lc 19,10). Zaqueu, naquele momento, se sentiu amado e isso mudou toda a sua vida.
2ª Cena: Na casa de Zaqueu (Compromissos de uma nova vida)
Zaqueu o recebeu com alegria, a alegria que no evangelho de Lucas está sempre ligada à conversão, à libertação do pecado. Observem que Jesus em momento algum diminui a gravidade do pecado, mas o tempo todo demonstra a imensa misericórdia de Deus – com diz a primeira leitura – que quer resgatar e dar vida àqueles que vivem na sombra da morte eterna.
Enquanto o povo disse “ele é um pecador”, Jesus afirma: “é um filho de Abraão”, ou seja, é irmão de vocês! O exemplo de Zaqueu é uma indicação de que ninguém é caso perdido para Deus. Nós não podemos perder a esperança, nem mesmo quando tudo parece sem saída…
E Zaqueu não para na emoção, mas coloca a mão no bolso, e promete restituir muito mais do que a lei de Moisés ordenava (cf. Ex 21, 37ss). Encontrar-se com o Senhor nos faz generosos, nos incita à partilha, nos faz perceber qual é verdadeiramente a nossa “fortuna”, o nosso “tesouro”.
O gesto de arrependimento, seguido pela reparação e a generosidade são próprios dessa vida nova. A partir do encontro com Jesus, Zaqueu toma decisões sérias e firmes, que irão lhe custar caro. Peçamos ao Senhor essa graça, a graça de ter um “espírito de decisão”.
Quando a salvação chega àquela casa? Quando Jesus entra? Não! Quando se fala de dividir os bens? Não! A salvação chega quando o encontro com Cristo muda a vida de Zaqueu e ele assume uma nova vida. Irmãos, o Senhor, neste domingo, também diz a mim e a vocês: “hoje eu quero (eu preciso!) entrar na sua casa!”
Maria, mãe da misericórdia, ajuda em nossa conversão! Amém!
(Pe. Anderson Santana Cunha)