Neste caminho para o Natal a Igreja quer nos ajudar a colocar em ordem tantas coisas em nossas vidas. Isso, as vezes, pode parecer uma tarefa muito difícil e desanimadora. Por isso mesmo, neste domingo, como numa pausa festiva, a Igreja nos convida a exultar de alegria!
É como se hoje a Igreja antecipasse um pouco da grande alegria da noite do Natal. É por isso que os paramentos são róseos, uma mistura do roxo penitencial com o branco da festa.
Mas atenção! É preciso lembrar desde já, que somos convidados à verdadeira alegria, não aquela que o mundo dá (que é passageira e curta), mas sim à alegria permanente que vem de Deus.
Falemos sobre algumas características dessa verdadeira alegria:
1. Por que se alegrar?
A nossa alegria tem um único e sólido motivo: fomos visitados por Deus. E mais! Ele se fez próximo de nós, curou nossas feridas, deu-nos respostas às perguntas mais angustiantes de nosso coração, nos deu a certeza de que a vida não termina. Ele se fez homem!
Notai, irmãos, que a saudação que o profeta faz ao povo na primeira leitura é semelhante às palavras do anjo que convidaram a Virgem Maria à alegria: “alegra-te, ó cheia de graça!”. E qual é o motivo dessa alegria? A presença do Senhor! O Senhor está conosco, Ele está no nosso meio! (Sf 3,15.17) (literalmente o profeta diz: “está no teu ventre”, referindo-se à Arca da Aliança).
Aquele pequeno menino, um frágil bebê, colocado no centro de uma pequena cabana de nossos presépios é o motivo de nossa alegria. Ele é o centro de nossa vida, Ele é o coração da humanidade. Como seria triste e sem sentido a nossa vida, sem aquele bendito “sim”, sem o nascimento daquela criança!
2. E quando vierem as tristezas?
É importante acrescentar duas informações: esta profecia de Sofonias que ouvimos foi escrita num momento em que o povo de Deus enfrentava grandes sofrimentos no exílio; e o apóstolo Paulo escreve a carta que ouvimos quando está preso, sofrendo terrivelmente no cárcere, e mesmo assim nos chama a alegria no Senhor. Como isso é possível?
Isso é possível porque a alegria que vem de Deus é diferente da felicidade que se vê (e se vende) por aí. Ela é profunda e dá sentido a toda a nossa existência, de tal forma que, mesmo na dor e no fracasso, o cristão é capaz de se alegrar. Sim, pois foi essa a promessa de Jesus: “eu darei a vocês uma alegria que ninguém poderá tirar” (Jo 16, 22).
Quem nunca se sentiu edificado pelo testemunho de uma pessoa de fé, que no calvário de um leito hospitalar ou sofrendo de uma doença terminal era capaz de sorrir e dar o testemunho da verdadeira alegria, porque sabia que Deus estava cuidando dela? Essa é a verdadeira alegria, a alegria dos santos, a alegria do céu!
3. Como viver a verdadeira alegria?
João Batista, que nos prepara para receber o Senhor, nos ajuda perceber a necessidade de prestar atenção à nossa conduta de vida para ali encontrar a felicidade que vem do alto. A resposta dele é muito simples. E sabem o que isso significa? Que Deus não pede nada de extraordinário, mas uma vida solidária, justa e pacífica, coisas que estão ao alcance de todos.
Em outras palavras, é feliz aquele que leva uma vida coerente, que cumpre o seu dever (seja na família ou no trabalho), que procura fazer o bem sempre e por toda a parte. Esse é o primeiro passo da santidade: cumprir nossos deveres com alegria!
Quantos gestos pequenos poderíamos assumir diariamente para espalhar a alegria que vem do Senhor: levar no rosto o sorriso, evitar palavras duras e gestos grosseiros, não fazer “tempestades em copo d’água”…
Eis aqui um grande desafio para os cristãos: levar alegria em um mundo triste e enfermo, por estar longe de Deus.
Por fim, um último conselho para que este Natal seja de fato santo: feliz daquele que nesses dias se aproximar do Sacramento da Confissão, pois experimentará a verdadeira alegria, que brota no coração de quem é amigo de Deus e de quem permite que o Senhor ilumine os cantos mais escuros de sua vida.
Maria, virgem do sorriso e causa da nossa alegria, rogai por nós!
“O convite à alegria não é uma mensagem alienante, nem um paliativo estéril, mas, ao contrário, é profecia de salvação, apelo a um resgate que parte da renovação interior” (Papa Bento XVI, Ângelus, 17 de dezembro de 2006).