Pastor Bonus

4º Domingo da Páscoa

Hoje experimentamos a verdadeira alegria, pois neste Domingo do Bom Pastor o Senhor mesmo vem ao nosso encontro: fala conosco, pois reconhecemos a sua voz nas Escrituras, e também imola a sua vida no altar, na Santíssima Eucaristia.

E é a partir desta imagem, a do Bom Pastor, que hoje a Igreja, nossa mãe, nos transmite a fé católica. Três perguntas parecem-nos oportunas: Quem é o Bom Pastor? Como fazer parte do seu rebanho? Como que Ele continua a pastorear-nos nos dias de hoje? 

1. Quem é o Bom Pastor?

Esta imagem, a do pastor e o rebanho, Deus usou várias vezes nas Escrituras para comparar a sua relação com o povo de Israel. Um exemplo, talvez o mais conhecido, encontramos naquele salmo que está pendurado na parede de muitos lares: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará!”

Ao longo da história bíblica alguns personagens também foram identificados como pastor, com a missão de, em nome de Deus, cuidar do seu rebanho. A grande novidade ouvimos no Evangelho. Jesus declara com todas as letras: “Eu sou o bom pastor”, não qualquer ou mais um pastor, mas um pastor apaixonado, que está disposto a morrer pelas suas ovelhas. 

Essas palavras de Nosso Senhor fascinaram os nossos irmãos de fé na antiguidade cristã. Tanto é verdade que nas primeiras gravuras de Jesus, encontradas nas paredes dos cemitérios onde os católicos celebravam a Missa, Ele é representado como um jovem pastor

Mas, como nos lembrou o príncipe dos Apóstolos, Cristo, o bom pastor, é também a pedra rejeitada. Rejeitada pelos seus e rejeitada por tantos ainda hoje. Ele, que é a pedra angular, ou seja, a pedra que sustenta tudo, que dá sentido a tudo, a pedra que mantém tudo em pé. Sem Ele tudo desmorona, sem Ele a vida perde o sentido, sem Ele tudo vira escombros e acaba em ruínas. 

Infelizmente é isso que estamos assistindo em nossos dias. Querem tirar Cristo de tudo e de todos: querem tirar Cristo das crianças, querem tirar Cristo das escolas, querem tirar Cristo dos livros, num secularismo neurótico disfarçado de politicamente correto no “estado laico”. E o que vemos? Uma sociedade desmoronando porque “jogou fora” a pedra angular.  

São Pedro, que numa das aparições do Senhor ressuscitado recebeu a missão de guardar o rebanho de Jesus, que é a Igreja Católica, nos ensina uma verdade que muitas vezes somos tentados a esconder ou que não falamos por medo: não há outro caminho de salvação a não ser Jesus Cristo! Não existe outra via de acesso ao Céu! (cf. At 4,12). Jesus não é mais um pastor, entre tantos outros que existem no mundo, mas Ele é o único e verdadeiro Pastor!

2. Como fazer parte do seu rebanho? 

A maior alegria de nossas vidas, irmãos, o maior presente que Deus nos deu, foi o nosso batismo, através do qual entramos no rebanho do Senhor. Pois, como disse São João, naquele dia passamos a não só sermos chamados, mas a sermos de fato filhos de Deus. É verdade, o batismo é uma grande graça, a filiação divina é um graça, a herança eterna é uma graça, ou seja, um presente, que sem mérito algum recebemos. 

E a graça de nosso batismo nos impõe um compromisso: de sermos “outro Cristo”, daí o significado da palavra “cristão”, com o qual somos chamados ao sair da pia batismal. Nós devemos passar esta vida toda, com nossas quedas e nossos tropeços, procurando imitar Jesus

A vida do cristão é isso, é uma luta para que, a cada dia, se pareça mais com Nosso Senhor, até o “domingo eterno” em que seremos totalmente semelhantes a Ele, no Céu. Quando seremos transportados nos ombros do Bom Pastor para viver a alegria sem fim, como diz o Ritual das Exéquias. Só Jesus é Filho do Pai, Ele é o Unigênito, e nós somos filhos no Filho

3. Como ele nos apascenta hoje? 

A função de Cristo, o bom pastor, continua a ser exercida pelos ministros da Igreja. Os sacerdotes, bispos e padres, com a pregação e os sacramentos são o colo do bom pastor que ensina, cura e santifica as suas ovelhas. Através do ministério sacerdotal o Senhor continua cuidando do seu rebanho.   

No evangelho, Jesus indica as duas funções principais do pastor: dar a vida e conhecer. São duas atitudes próprias de quem ama. Só conhece e é capaz de sacrificar-se quem ama de verdade. Essas duas atitudes servem não só aos sacerdotes, mas também aos pais, aos políticos, aos que possuem qualquer função de liderança, que de certa forma também pastoreiam a sua família, a sua equipe e a nossa nação. 

Rezamos pelos nossos pastores, aqueles que Jesus constituiu como guardiões da fé e do rebanho: o papa, os bispos e os padres. Supliquemos também vocações sacerdotais, neste dia em que o mundo católico inteiro reza pedindo padres. Que o único e eterno Sacerdote continue passando por nossas famílias e pela nossa paróquia, chamando jovens para o exercício dessa santa missão. 

Maria, divina pastora, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

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