Pastor Bonus

4º Domingo da Quaresma

Este domingo é chamado de “o domingo da alegria”. E por que é chamado assim? Porque estamos próximos da Páscoa, porque o Senhor está perto do nós, porque a vitória do Cordeiro é também nossa vitória. É a nossa alegria, mas é também a alegria de Deus, o Pai, que nesse tempo quaresmal “faz festa” pelos filhos que estavam mortos pelo pecado e que tornam à vida através do sacramento da confissão.

Ouvimos uma das cenas mais comoventes das páginas evangélicas, a parábola do Pai cheio de misericórdia. Essa parábola é contada por Jesus também a nós hoje, de modo particular para nos preparar para fazer uma boa confissão nesta Quaresma.

Convido-vos a imaginar o evangelho como que numa peça teatral, poderíamos individuar três cenas principais e é sobre elas que eu gostaria de comentar nesta meditação de tal forma que, considerando os elementos próprios de cada uma delas, possamos colher para nossa vida espiritual abundantes frutos.

1ª Cena: o filho vai embora

Talvez alguém poderia pensar: esse pai não poderia deixar o filho ter feito o que fez. Mas aqui já aprendemos uma lição muito importante sobre a nossa relação com Deus: Ele respeita a nossa liberdade, nos fez assim, livre, e fez isso por que nos ama. Quem ama deixa aquele que ama livre!

O filho pede a sua parte da herança. Esse ponto é bastante dramático. Só se reparte herança quando os pais morrem. Para aquele filho o pai morreu, já não precisava dele. Quantos vivem e agem assim com relação a Deus, como se não existisse, como se estivesse morto, como se não fosse mais necessário. Na relação familiar isso também acontece: muitos vivem como se os pais já estivessem mortos, ou só os valorizam na ausência. 

2ª Cena: o pecado e o arrependimento

Na história daquele filho mais novo está o resumo do que acontece conosco quando pecados: protestamos o direito de ser livres, encontramos uma alegria (ou prazer) passageira que o pecado proporciona e, por fim, acabamos no “chiqueiro” da sujeira própria do esgoto que é o pecado. 

“O filho caiu em si”, diz o evangelista. Caiu em si porque não estava mais em si, desde quando tomou a decisão de sair da casa do pai. No pecado estamos longe de nós, por causa do pecado nos esquecemos que nós somos.

“Vou me embora”, vou deixar essa miséria, vou voltar pra casa do pai. O filho toma uma decisão, quer abandonar aquela situação de morte. É isso que muitas vezes nos falta: a atitude. Querer abandonar o mal caminho é o primeiro passo para sair dele. 

3ª Cena: A confissão e a Eucaristia

O filho volta, o pai corre ao seu encontro, lhe restitui a dignidade de filho. Nenhuma palavra de correção ou de acusação, apenas o amor (o pai não só deu um beijo, mas o cobriu de carinho!). É assim que Deus nos recebe quando voltamos para o lugar de onde nunca deveríamos ter saído, a Igreja, sua casa e nossa família.

Os dois atos do pai se repetem também conosco: (a) dá uma roupa nova, é o que acontece conosco quando nos levantamos após a confissão, com roupa nova, lavada e alvejada no sangue do Cordeiro, daquele que por sua morte nos deu vida; (b) manda fazer uma festa, é o banquete da Eucaristia, símbolo de reconciliação, com Deus e com os irmãos, que hoje o Senhor também preparou para nós. 

Não poderia passar desapercebida a atitude do filho mais velho. De fato, se por um lado temos um filho que não queria ser filho (o mais novo), do outro lado temos um filho que não se sente filho (o mais velho). Cuidamos para não cair nessa armadilha!

Peçamos à Virgem que nos ajude: à relembrar que somos filhos, a voltar para os braços do Pai e a nos alegrar pelos irmãos que se convertem!

Maria, mãe da misericórdia, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

Texto para meditação

Há uma cena no filme “O rei Leão” em que Simba está confuso e perdido. Então Rafi, uma espécie de velho sábio, o conduz para um local onde pode escutar a voz do seu pai, o rei Leão, que lhe diz: “você esqueceu quem você é, você se esquecem de mim! Você é meu filho, você é rei! Lembre-se de quem você é!”. O pecado nos faz esquecer quem nós somos, esquecer a dignidade de filho de Deus!

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