Pastor Bonus

4º Domingo do Tempo Comum

O salmo desta Missa coloca em nossos lábios duas importantes exortações de Deus: não fechar o coração e ouvir a voz do Senhor. Por isso, com o coração aberto acolhamos a mensagem divina, hoje anunciada a nós por Cristo através da Igreja. 

Três palavras nos ajudam a recolher os ensinamentos espalhados pelos textos sagrados desta Santa Missa: profecia, libertação e celibato.

a) Profecia

Deus sempre suscitou profetas. Eles que, ora com palavras duras, ora com carinho e ternura, anunciavam a mensagem do Senhor e exortavam o povo de Israel à fidelidade.

O profeta predito por Moisés na primeira leitura, muito superior a ele, é Jesus Cristo, aquele que veio nos conduzir para o verdadeiro êxodo. Em Cristo Deus mesmo veio falar a nós! Ouvindo-o escutamos o próprio Deus. 

A Igreja continua a missão profética de Cristo. Ainda que rejeitada, ora ridicularizada ou mesmo desprezada, a esposa de Cristo nunca deixa de anunciar a verdade. Pelo batismo também nós participamos da missão profética da Igreja.

O profeta, nos lembrou o Deuteronômio, deve dizer o que Deus manda falar, o que nem sempre será o que o povo quer ouvir. Infelizes dos pregadores que sobrepõem o ensinamento divino às suas opiniões pessoais, e pregam os seus caprichos e suas ideologias – os profetas da mentira -, ao invés de ensinar a sagrada doutrina

b) Libertação

A Palavra de Deus tem autoridade. A Bíblia não é qualquer livro, qualquer história, qualquer ensinamento. É a comunicação de Deus com os homens. Por isso, é dela que aprendemos o caminho para a vida eterna

Para entender a relação entre a pregação de Cristo e este exorcismo que Jesus realizou em Cafarnaum, nos ajudam estas palavras de São João Paulo II: “O anúncio do reino de Deus é sempre uma vitória sobre o diabo.” (1). No evangelho de São Marcos, Jesus está sempre em confronto com os espíritos do mal. Nós, os cristãos, continuamos esta batalha.

Além disso, em nossa época, multiplicam-se aqueles que buscam adivinhos, necromantes, feiticeiros, e tantas outras pessoas compactuadas com o mal. Isso é evidente, mas é importante lembrar: os cristãos não podem buscá-los, muito menos envolver-se com esse tipo de coisa.

A cura deste homem endemoniado nos ensina muitas coisas. Mostra-nos, por exemplo, que a palavra de Deus (a voz de Jesus) que expulsa de nossos coração a mentira, cujo pai é o demônio.

Aquele exorcismo é a imagem do cristã purificado pelo anúncio da Palavra de Deus. Isso acontece de modo ritual com todo o adulto que é batizado. Durante o ritual de iniciação à vida cristã ele também recebe o exorcismo antes de acolher o dom da vida nova

As possessões diabólicas existem e para isso a Igreja cultiva o ministério dos sacerdotes exorcistas. Mas essas situações não são tão frequentes quanto este outro perigo que nos ronda com muito mais frequência: as tentações.

O combate às tentações se faz especialmente através da confissão, quando somos libertos da escravidão do demônio, e uma outra poderosa arma colocada à disposição de todos os cristãos é a oração, por isso o Senhor nos ensinou a dizer a Deus: “Livrai-nos do mal!

c) Celibato

Também Paulo, na segunda leitura, nos anuncia o Evangelho com autoridade, e na epistola que ouvimos faz um elogio ao celibato. Sua tese é muito simples: o coração livre pode melhor servir a Deus. Por isso hoje agradecemos a Deus pelo dom que é o celibato sacerdotal para a Igreja. 

Três são os motivos principais pelos quais a Igreja conserve esse dom precioso: um motivo cristológico: o sacerdote imita plenamente Cristo cuja vida foi celibatária; um motivo eclesiológico: desta forma o padre se dedica integralmente à Igreja da qual se torna esposo; e, um motivo escatológico: a vida celibatária antecipam na terra a realidade do Céu.  

Concluamos nossa meditação com uma oração que São João Paulo II fez numa catequese em que falou sobre o mal e diabo: “Faça, o Senhor, que não caiamos na infelicidade à qual nos seduz aquele que foi infiel desde o início”. (2)

Maria, mãe castíssima, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)

(1) São João Paulo II, Audiência, 13 ago 1986. (2) Idem.

TEXTOS PARA MEDITAÇÃO

O Celibato Sacerdotal

“Não creia o sacerdote que a ordenação tudo tornará fácil e o livrará definitivamente de qualquer tentação ou perigo. A castidade não se adquire de uma vez para sempre, mas é resultado de laboriosa conquista e de reafirmação cotidiana. O mundo de hoje deu grande relevo ao valor positivo do amor nas relações entre os sexos, mas multiplicou também as dificuldades e os riscos nesta matéria. Importa, por isso, que o sacerdote, para salvaguardar com todo o cuidado o bem da castidade e para reforçar-lhe o significado sublime, reflita lúcida e serenamente sobre a sua condição de homem exposto ao combate espiritual contra as seduções da carne que lhe vêm de si mesmo e do mundo, e isto com a intenção incessantemente renovada de aperfeiçoar sempre mais a sua irrevogável oferta, que o obriga a uma fidelidade plena, sincera e real”. (São Paulo VI, Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, n. 73)

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