Iniciamos a última semana deste grande retiro que é a Quaresma. Neste domingo estamos com Cristo em Betânia, e Ele nos ensina belas coisas! Ao começar esta meditação voltemos nosso olhar para dois detalhes do Evangelho:
Primeiro detalhe: Jesus chorou. As lágrimas de Cristo não caem porque sente a morte física de seu amigo. Ele sabe que essa morte é um sono, do qual Deus nos despertará um dia. Ele chora porque ao ver aquela sepultura vê o drama humano da conseqüência do pecado: a morte espiritual. Lázaro morto é Adão depois da queda; é a humanidade que suspira por vida!
Assim como caíram aquelas lágrimas, jorrou água do seu peito rasgado na Cruz. Essa mesma água “caiu” sobre nós, em nosso batismo, dando-nos vida e vida eterna.
O segundo detalhe: Lázaro permaneceu quatro dias no túmulo. S. Agostinho apresenta vários significados para estes quatro dias, um deles é que esses dias simbolizam o nosso caminho para a morte espiritual em quatro etapas: a sedução do prazer no coração; o consentimento; a realização (o ato); e por fim, o acostumar-se. (Cf. S. Agostinho, Sermão 98, 4-7).
Hoje o Senhor também nos ensina que há um duplo significado para a ressurreição: uma que acontece já e outra que acontecerá. Ele nos dá vida nova hoje e também nos ressuscitará no último dia! Podemos fazer então duas perguntas:
Primeira. Como o Senhor nos ressuscita hoje? O prefácio da Missa que ouviremos diz que o Senhor nos faz “passar da morte para a vida através dos sacramentos pascais”. É através do Batismo, da Eucaristia e da Confissão, que temos vida nova, e o Espírito de Deus passa a morar em nós, como disse S. Paulo na 2ª Leitura (Cf. Rm 8,9).
Além disso, os sacrifícios que fizemos e estamos fazendo na Quaresma é também uma ressurreição: dos vícios para as virtudes.
A Quaresma é o tempo em que o Senhor manda abrir os nossos túmulos e nos chama para fora; ao ouvir sua voz deixemos o sombrio sepulcro e os maus odores do “velho homem”!
Segunda pergunta: Como o Senhor nos ressuscitará? As palavras do profeta Ezequiel, na 1ª Leitura, irão se cumprir plenamente: “Ó meu povo, diz o Senhor, vou abrir as vossas sepulturas” (Ez 37,12). O profeta está falando dos exilados, é verdade, mas aqui está implícita a nossa profissão de fé: “creio na ressurreição da carne”. Um dia nosso pobre corpo mortal ressuscitará!
Irmãos, a ressurreição não é um acontecimento temporal, é uma pessoa: Jesus Cristo. Quem vive Nele nunca morre, mas tem vida eterna! Ele é a verdadeira vida! Que alegria saber disso: se permanecermos em Cristo não morreremos nunca!
(Homilia no 5º Domingo da Quaresma na Paróquia São José em Florínea)