Pastor Bonus

Festa da Transfiguração do Senhor

Há séculos a Igreja celebra, sempre neste dia 06 de agosto, a festa da Transfiguração do Senhor. Há dois momentos em que a Liturgia da Palavra nos faz recordar este mistério da vida de Jesus: no segundo domingo da Quaresma e também no dia de hoje. Além de ouvir o relato segundo o evangelista, neste domingo também ouvimos uma testemunha ocular, São Pedro, que na segunda leitura recordou aquele episódio.

Convido-vos a encontrar respostas, nesta meditação, para a seguinte pergunta: por que Jesus se transfigurou? Eis, pois, alguns dos motivos: 

1. Para de nos dar forças para carregar a cruz [CRUZ]

O principal significado deste momento na história da vida de Nosso Senhor é o de encher o coração dos discípulos, não só os daquele tempo, mas também nós, hoje, de esperança. Jesus mostrou-se assim glorioso para nos fazer entender que, mesmo se na vida encontramos provações e dificuldades, a cruz não é um fracasso, mas é parte do caminho para a glória

Nesta festa, é como se Deus nos permitisse olhar – ainda que por alguns instantes – aquilo que o nosso coração mais deseja, aquilo para o qual fomos criados: o Céu. É como se pudéssemos respirar fundo para encontrar novo fôlego e continuar nossa missão. 

É o que disse São Paulo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8, 18).

A transfiguração acontece já bem perto do tempo da paixão de Jesus. São Pedro, todas as vezes que ouvia Jesus falar de sua entrega, ele a rejeitava, porque passar pela morte parecia uma derrota para aquela missão que estava indo tão bem. Jesus quer convencer a São Pedro, aos doze, e também a nós, a não nos escandalizarmos com a cruz, com os fracassos da vida, pois eles fazem parte do caminho para a vitória

2. Para nos lembrar da glória que nos espera [CÉU]

Se é verdade que naquele momento Jesus permitia aos seus três amigos contemplarem, de forma antecipada, a sua ressurreição, também é verdade que aquele esplendor anunciava também a nossa divinização. Jesus mostrou aquilo para o qual fomos criados: o homem foi criado por Deus para viver sempre diante da sua glória.

Sim, Deus quer compartilhar a sua felicidade conosco! Foi por isso que nos criou: Ele nos fez porque muito nos ama e nos quer para sempre junto Dele. Pois se pelo Batismo fomos adotados, e por isso mesmo inseridos na família divina, a nossa herança é o Céu, é a vida eterna junto do Pai. 

Um dia começamos no tempo, mas a nossa existência não terá mais fim. Somos nós que escolhemos se a nossa eternidade será feliz ou infeliz. A felicidade do Céu, irmãos, é uma alegria que não se repete, que não nos cansa, porque é sempre nova. É o momento mais feliz da nossa vida, vivido sempre no seu primeiro entusiasmo, em uma alegria intensa e completa. 

Quem se lembra que é filho de Deus não teme nada, a não ser separar-se Dele!

3. Para aumentar a nossa fé na ressurreição [RESSURREIÇÃO]

Tudo isso também serve para aumentar a nossa fé na ressurreição do Senhor, que é também a garantia da nossa ressurreição. Quando a fé na ressurreição começa a diminuir aumenta em nós duas coisas:

a) a supervalorização desta vida, acompanhada sempre do culto ao corpo, ao prazer, ao comodismo, como se a verdadeira vida fosse apenas essa vida;

b) o apego excessivo à vida presente e, ao mesmo tempo, uma visão triste e de rejeição da morte.

(Atenção! Isso é muito diferente do instinto de sobrevivência, que é natural nos seres vivos, e do justo cuidado da saúde, que é um mandamento divino em relação à vida). 

Conclusão: Conselhos espirituais que a festa da Transfiguração do Senhor pode nos dar

Algumas coisas podemos levar em nosso coração como atitudes concretas e frutos desta celebração da transfiguração do Senhor: 

– aprender a santificar o cotidiano, ou seja, Jesus também coloca a mão sobre o nosso ombro e nos convida a descer a montanha, ir até à planície, onde está nossa família, onde trabalhamos, onde estão as nossas cruzes, e ali, a partir da nossa experiência com Deus, santificar cada gesto e atitude do dia a dia;

passar pela cruz lembrando da glória que nos espera, lembrar-se do céu e da visão beatífica deve nos animar na nossa luta diária e nos sofrimentos, como uma doença ou a morte de uma pessoa querida ou mesmo um diagnóstico de uma enfermidade;

viver esta vida como um peregrino, que sabe aproveitar cada momento desta peregrinação, mas que tem sempre o coração voltado para o seu destino, que é a felicidade eterna do Céu, que começa com a amizade com Deus aqui (através do Sacramentos e da oração) e que se tornará plena na eternidade;

ser fiel à Eucaristia dominical e à oração diária, pois na Missa e na oração pessoal nós também fazemos a experiência do Tabor, também para nós o Senhor aparece transfigurado. Se eu for constante na comunhão eucarística semanal terei mais forças para enfrentar os desafios que encontrei durante a semana.

Maria, mãe da glória, rogai por nós!

(Pe. Anderson Santana Cunha)


Textos para meditação

01 | O Tabor e a revelação da santidade e da glória de Deus

A experiência dos apóstolos é iluminada, na liturgia, pela visão do profeta Daniel. Em sua visão o profeta contempla, através dos símbolos, tanto a Santidade quanto a Onipotência de Deus. O esplendor das vestes brancas, a eternidade, o cabelo como lã pura, indicam a santidade. O trono com chamas de fogo e as rodas do trono em fogo em brasa lembra a onipotência divina. 

02 | A oração transfigura

Há um detalhe que não se pode ignorar. O evangelista diz que, enquanto Jesus rezar, ele se transfigurou. É também no nosso diálogo com a Trindade, através da oração que acontece a nossa transfiguração, isto é, há uma mudança radical em quem reza, porque quem contemplou a Deus sai desse encontro iluminado.

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