No último domingo ouvimos o evangelista nos dizer que Jesus estava saindo de Jericó e indo para Jerusalém. O encontro de Jesus com o escriba, que acabamos de ouvir, já acontece na cidade santa. É ali que nosso Divino Redentor recorda ao homem que lhe faz a pergunta e também a nós, a essência, o resumo, o mais importante da vida: o amor.
Os textos bíblicos que ouvimos tornam evidente uma verdade muito importante: Jesus não veio abolir a Lei, mas veio dar o verdadeiro sentido e o significado completo. (cf. Mt 5, 17). Por isso mesmo é que Jesus repete, ao ser questionado, os Mandamentos da Lei que já haviam sido dados por Deus a Moisés.
Era tão importante esse trecho do Antigo Testamento (o shemá), que os judeus – e por isso mesmo Jesus – rezavam várias vezes ao dia, como uma jaculatória. Era uma maneira de recordar-se, ao longo de toda a jornada, Daquele que é o sentido da vida e que deve ser amado com o coração, com a alma e todas as forças. Nos fará muito bem também, recordar-se do Senhor, ao longo do dia, com oração curta e decorada. Desta forma teremos sempre o coração voltado para o alto.
1. A prioridade da vida
A pergunta com a qual se inicia o evangelho faz muito sentido se entendermos que no judaísmo do tempo de Jesus era muitas as prescrições a serem seguidas, que controlavam os pormenores da vida, e que, por conta da quantidade, acabava dispersando a atenção das pessoas em coisas secundárias. Na resposta de Jesus ouvimos que deve ser prioridade em nossas vidas.
No salmo rezamos: “Eu vos amo, ó Senhor!”. Sim, devemos amar o Senhor, e isso fazemos porque Ele nos amou por primeiro. Antes de ser um mandamento, o amor é um dom. E vendo e ouvindo tudo o que Deus fez e faz por nós, como não amá-lo? Olhando a obra da criação e, mais ainda, da redenção (a cruz e a vitória de seu Filho!) como não corresponder, ainda que em nossa miséria, este divino amor?
Fomos criados para amar a Deus, essa é a nossa finalidade, é para isso que existimos. Não se trata de uma simples obrigação, mas de uma necessidade! Quando o homem não ama a Deus, ele não é feliz, foi isso que nos ensinou a primeira leitura: coloque em prática os mandamentos e encontrarás a felicidade (cf. Dt 6, 3).
Entendamos bem! Não se trata de sentimentalismo. O amor para ser amor de verdade deve ser concreto, real, encarnado! O amor exige obras, atitudes. E como amamos a Deus? Primeiramente vivendo as suas ordens, os mandamentos (assim como amamos nossos pais quando seguimos seus bons conselhos!); tendo um horário reservado para o diálogo com Ele (a oração); vivendo os nossos deveres de estado (de pai, de mãe, de filho, de casado, etc.) e de trabalho; sabendo acolher as situações que se apresentam em nossa vida – por mais difíceis que sejam – como ocasião para manifestar mais ainda o nosso amor por Ele; etc.
2. Dois amores inseparáveis
E, para completar a lista anterior, sobre como amar concretamente a Deus, Jesus nos recorda um princípio fundamental: o amor de Deus é manifestado plenamente no amor ao próximo. E esse é o “termômetro” para saber se estamos amando a Deus de verdade, caso contrário somos mentirosos (cf. 1Jo 4, 20).
Ao acrescentar ao primeiro mandamento o amor ao próximo, Jesus não está alterando a Lei, pois esta prescrição também está na Torá (cf. Lv 19,18). O passo que dá Nosso Senhor é o de nos fazer perceber que existe uma ligação lógica entre os dois preceitos e que o amor ao próximo é uma consequência, é uma resposta, faz parte do amor a Deus. Eis, diante de nós, o grande desafio do cristianismo.
Por fim, aproximemo-nos irmãos com fé do ponto mais importante deste Santo Sacrifício da Missa: a Liturgia Eucarística. Lembrando-nos sempre que quem realiza essa obra é o sumo e eterno Sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo, que, como recordou-nos a Carta aos Hebreus, vive para sempre e está sempre vivo para interceder por nós!
Maria, mãe do Divino Amor, rogai por nós!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
O que fazer para amar a Deus? Obedecer, rezar e amar o próximo.
Esse é o GPS do caminho para o céu.