Pastor Bonus

3º Domingo do Advento

Já estamos bem próximos do Natal. É por isso que este domingo é chamado de “o domingo da alegria”. E qual é o motivo dessa felicidade? É que “o Senhor está próximo” (cf. Fl 4, 5). Essa é a alegria que ressoa nas leituras proclamadas na missa de hoje e que perpassa também os paramentos litúrgicos que neste dia é uma mistura do roxo penitencial com o branco da festa que faz surgir o róseo

Se o tempo do advento é um tempo de vigilância, este domingo adiciona uma outra característica: este é um tempo de espera com alegria.

Disse o anjo à Virgem na anunciação: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). Os pastores, na noite do Natal, escutaram dos anjos: “Não temais, eu vos anuncio uma grande alegria (Lc 2, 10-11). Depois da ressurreição o evangelista diz que os apóstolos se alegraram por verem o Senhor (cf. Jo 20, 20). 

A Palavra de Deus deixa claro que ter o Senhor bem perto de nós é a nossa maior alegria, e a nossa maior tristeza é perdê-lo. A tristeza é distanciar-se de Deus. Por isso, podemos hoje meditar sobre a verdadeira alegria, mas primeiramente consideremos a falsa ideia que muitas vezes temos da felicidade. 

a) A falsa alegria

A falsa alegria pode ser percebida naqueles que vão celebrar o Natal, mas sem Jesus, vão celebrar o aniversário sem o aniversariante! Vão celebrar uma festa sem o seu verdadeiro significado, e por isso toda esta festa tão profunda perde, para o muitos, o seu sentido.

Uma característica desta falsa alegria é a sua fugacidade. Quantos neste Natal terão uma alegria muito passageira, que durará enquanto houver churrasco e bebidas alcoólicas… 

Uma outra característica desta falsa alegria é que ela geralmente está aprisionada aos bens materiais. Será vivida por aqueles que resumem o Natal às comidas e às compras, com anunciam as propagandas da TV…

Acontece hoje com disse João: “no meio de vós está aquele que vós não conheceis” (Jo 1, 26). No meio de nós está Jesus, o verdadeiro e único sentido do Natal, mas que por muito será ignorado. Eles veem a luz – alerta o evangelista – mas escolhem permanecer na escuridão! Que não nos aconteça o que infelizmente nos recorda o Evangelho: Jesus veio para os que eram, mas os seus não o receberam (cf. Jo 1, 11). 

b) A verdadeira alegria

Como viver a verdadeira alegria do Natal? Ela é narrada na primeira leitura: “enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos” (Is 61, 1). Natal é tempo de cura e de libertação… Ouvindo essas palavras não vem logo em nossa mente o sacramento da confissão

A vida junto de Cristo, caríssimos, jamais é triste. Seguir seus mandamentos, ouvir suas palavras e colocá-las em prática, ser fiel à oração, é fonte de verdadeira alegria! A felicidade que ninguém pode nos arrancar. 

A alegria do Natal também se vive nas contrariedades da vida. É a alegria que vemos no presépio: um nascimento que acontece em meio a um aparente fracasso e com improvisos, mas cheio de felicidade. Naquela pobre estrebaria não falta alegria. 

É isso que o Senhor nos ensina hoje, irmãos, que a nossa alegria não está nas coisas, mas sim nesta presença, nesta divina presença que tudo ilumina e dá sentido a tudo.

Uma outra característica da alegria cristã é que ela é duradoura. E esta alegria continua existindo mesmo na dor, no sofrimento, nos fracassos. Isso porque o Senhor nos prometeu: “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar (Jo 16, 22). Não se trata somente da alegria do céu, mas da alegria de sentir-se, desde já, protegido e amado. 

Temos dificuldades, temos contrariedades, mas nenhuma delas nos tira a alegria do Senhor, pois ela vem da certeza da presença de Cristo. O cristão, mesmo quando chegam as provações e o sofrimento bate à sua porta, ele continua alegre porque sabe em quem confia.

Quanta coisa teríamos para aprender e para pôr em prática! Estar sempre pronto para o sorriso; ter palavras de carinho e respeito; aprender elogiar e agradecer; não levar tudo em consideração principalmente os pequenos desafetos; não se entristecer por qualquer coisa… Eis ai, uma série de bons propósitos que poderíamos acrescentar em nossa vida.

Que neste Natal procuremos ser motivo de alegria para aqueles que convivem conosco. E por que também não pensar na alegria que podemos dar à Cristo na confissão, na Santa Missa, nas obras de misericórdia?

Que a Virgem nos ajude a aprender o verdadeiro espírito do Natal do Senhor para que ao chegar a festa da encarnação deste ano possamos reavivar a nossa felicidade recordando mais uma vez que o Senhor está bem perto de nós

Maria, causa da nossa alegria, rogai por nós! 

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