As leituras bíblicas deste domingo nos convidam a considerar duas atitudes fundamentais da vida cristã: a fé que sabe esperar e o serviço vivido com gratuidade.
De um lado, o profeta e os apóstolos nos mostram que crer não é controlar os tempos de Deus, mas aprender a caminhar na confiança mesmo quando tudo parece demorado ou silencioso.
De outro, Jesus nos recorda que a missão não é palco de protagonismo, mas espaço onde devemos aprender a servir sem buscar aplausos nem recompensas.
Meditemos sobre esses dois pontos:
1. A ESPIRITUALIDADE DA ESPERA: APRENDER A VIVER PELA FÉ
As leituras de hoje nos colocam diante de uma virtude de que muito precisamos: a esperança.
O profeta Habacuque olha para a realidade e vê violência, injustiça, crise, e pergunta: “Até quando, Senhor?”. Essa é também a pergunta (a oração) de quem sofre e mesmo assim não abandona a confiança.
Deus, através do profeta, responde: “se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará”.
Nesse sentido, a fé e a esperança estão de mãos datas, pois a fé verdadeira não elimina a espera, pelo contrário, ela a sustenta. Crer não é ter tudo resolvido, mas continuar caminhando quando nada parece mudar.
Os apóstolos pedem a Jesus: “Aumenta a nossa fé!”. Também precisamos fazer sempre esse pedido!
Mas como cultivar essa espiritualidade da espera? Eis alguns conselhos práticos: rezar mesmo sem sentir; aceitar que Deus age no ritmo dele, não no nosso; interpretar o silêncio de Deus como convite à fidelidade, não ao desânimo; perseverar nas pequenas coisas, quando os grandes sinais não aparecem.
A fé não é ilusão, é enxergar com os olhos de Deus aquilo que ainda não chegou. Quem vive assim, não se paralisa diante das demoras da vida, mas amadurece nelas. Eis a espiritualidade da espera!
2. A GRATUIDADE DA MISSÃO: SOMOS SERVOS, NÃO DONOS
Depois de falar da fé, Jesus nos coloca no lugar certo: o de servidores, não proprietários da graça.
A parábola que ouvimos conclui com uma frase que fere o orgulho e cura o coração: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.”
Jesus não está desvalorizando o discípulo, mas libertando-o da tentação mais perigosa: a de achar que o Reino depende exclusivamente de nossas mãos. Hoje é importante lembrar: a missão é serviço, não posse; é fidelidade, não vaidade.
Quando entendemos que somos servos muita coisa muda! Não buscamos aplausos, buscamos frutos. Não competimos, colaboramos. Assim não nos frustramos quando não aparece reconhecimento seja de quem for.
A maior alegria do discípulo é saber que participa da obra de Deus, mesmo sem ver todo o resultado.
Que o Senhor nos ajude a crescer na fé e no serviço!
Maria, mãe da fé e da humildade, rogai por nós!