Pastor Bonus

22º Domingo do Tempo Comum

O olhar de Jesus é sempre muito sensível, capaz de se fixar nos lírios dos campos, nos pássaros do céu, numa figueira, numa vinha, no povo cansado e abatido e, até mesmo, no comportamento das pessoas numa refeição…

No Evangelho que acabou de ser proclamado, Jesus, numa refeição, deixa um conselho tanto para o anfitrião da festa (aquele que o convidou), quanto para os convidados. É a partir desses dois conselhos que encontramos duas importantes virtudes, exaltadas nas leituras bíblicas de hoje, que nos ajudam a crescer na semelhança de Cristo, Nosso Senhor: a humildade e a caridade.

1. Humildade

O conselho para aqueles que foram convidados para a festa é o de não escolher o primeiro lugar. Longe de ser uma simples regra de etiqueta, de boas maneiras, o que Nosso Senhor nos ensina é a virtude da humilde, da qual Ele é o grande modelo.

Essa virtude, na prática, nos dá consciência de nossa pequenez (somos pecadores, somos criaturas) e, ao mesmo tempo, nos faz reconhecer que os nossos méritos, mais do que nossos, são de Deus

Antes gostaria de fazer um alerta: o perigo da falsa humildade, isto é, o “teatro” daqueles que fingem ser humildes ou daqueles que são medíocres. Por não querer fazer bem feita a sua missão, eles se escondem atrás da máscara da humildade. Atenção: a humildade não é complexo de inferioridade! 

É preciso fazer bem feito as coisas, é necessário ter planos de um legítimo crescimento pessoal, convém que todos se esforcem por serem bons profissionais, bons pais, bons ministros de Deus. O humilde é aquele que reconhece os talentos que Deus lhe deu e os coloca a serviço dos outros, não os enterra, não os esconde. O perigo é justamente gostar de exibir-se e passar a vida numa busca desenfreada por elogios, por poder, por “confetes”. 

Eis alguns conselhos para crescer na humildade:

  • ter consciência da nossa condição de pecadores, de criaturas, e de como somos necessitados de Deus e dos outros;
  • reconhecer os dons que Deus nos deu e não os enterrar;
  • aceitar as humilhações diárias, unindo-se a Cristo que também foi humilhado (aceitar principalmente as humilhações que a própria vida nos impõe, como a velhice e a enfermidade);
  • ser sincero e evitar gestos de falsa humildade;
  • aprender a reconhecer quando erra e saber pedir desculpas. 

Lembremo-nos: o coração soberbo é rejeitado por Deus, Ele se inclina para ouvir o humilde (cf. Sl 107,6). Além disso, a humildade atrai o olhar de Deus, foi o que cantou a Virgem Maria no Magnificat: Ele olhou para a minha humildade. 

2. Caridade sem interesse 

O conselho para aquele que fez o convite para a festa é o de não chamar apenas os que podem o recompensar por isso. Essa lição é repetida por Jesus várias vezes: praticar a caridade sem interesse, sem esperar nada em troca, sem fingimento, como é a caridade de Nosso Senhor, modelo da caridade de todo o cristão.

Maria, humilde serva do Senhor, rogai por nós!

Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso!

(Pe. Anderson Santana Cunha)


Textos para Meditação

Ladainha da Humildade

Composta pelo Cardeal Merry del Val, secretário do Estado do Vaticano durante o pontificado de São Pio X. Há uma versão em forma de música: clique aqui para ouvir.

Jesus, manso e humilde de coração, ouvi-me.
Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser consultado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.

Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser difamado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.

Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros sejam estimados mais do que eu,
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído,
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado,
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado,
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas,
Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne o mais santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

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