Hoje, em nossa Páscoa semanal, o último dos profetas – São João Batista – nos acompanha na preparação para as vindas do Senhor. A pergunta que João manda seus discípulos fazerem a Jesus é muito apropriada para esse tempo de advento: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” (Mt 11,3) (1). Por isso, neste domingo, meditemos sobre a alegria cristã, a esperança de Israel e a nossa e a realização da promessa de Deus.
1. A alegria cristã
Chegamos ao coração do Advento. Este domingo, chamado de domingo Gaudete, é marcado pela alegria. É como se essa preparação penitencial para o Natal fosse penetrada pela alegria do nascimento de Jesus que logo celebraremos. É esse o significado da cor dos paramentos litúrgicos desse dia, o róseo, é a mistura do roxo da penitência e da esperança, com o branco da alegria e da promessa realizada.
Estamos alegres porque o Senhor está perto: está próxima a celebração do Natal, está perto de nós no Sacramento da Eucaristia, está perto o seu retorno glorioso!
Quem encontrou Cristo encontrou o motivo da verdadeira alegria. A alegria do mundo é pobre e passageira, a alegria cristã é rica e permanente, é capaz de continuar mesmo em meio às dificuldades e provações da vida.
O cristão pode continuar alegre mesmo na dor, na enfermidade, nos fracassos… Para isso é importante recordar a exortação de São Tiago à paciência!
Sim, o Senhor nos prometeu uma alegria que ninguém poderá tirar (cf. Jo 16, 22), se não nos separarmos desta fonte da verdadeira alegria ninguém ou nenhuma coisa poderá tirar essa paz.
Tomemos cuidado com a tristeza, porque ela dá origem a tantos males, a tantos pecados. É da tristeza que nasce o egoísmo, a busca de compensações, o descuido com o encontro com Deus…
2. A esperança do povo de Deus
O evangelista Mateus, que leremos neste ano litúrgico, tem a preocupação de deixar claro que Jesus cumpre as antigas profecias a respeito do Messias que traria a salvação à Israel.
A pergunta de João é a pergunta de tantas pessoas: é Jesus o salvador ou devemos esperar outro? Essa é o desejo mais profundo do coração humano e de modo especial era o sonho do povo de Israel: a vinda de um salvador, como foi descrito pelo profeta Isaías. Quem não ficaria feliz só de ouvir falar que as coisas profetizadas na primeira leitura se realizarão?
Quantos em nosso tempo vivem esperando um outro salvador, que não virá! Feliz (Bem-aventurado) de quem não espera outro salvador, de quem não coloca sua esperança em homem ou coisas, mas sabe esperar no Senhor que veio, que vem e que virá.
Feliz de quem não se escandaliza de sua vinda na pobreza do presépio de Belém, da esperança de sua vinda gloriosa, da alegria que só Ele pode nos dar!
3. A promessa se cumpre
Deus promete e cumpre! A promessa anunciada por Isaías se cumpre em Jesus. Enquanto o profeta anuncia a cura dos cegos, surdos, coxos e mudos, Jesus mandam dizer a João Batista que isso e muito mais já está acontecendo (2). Sim, como disse Isaías, Deus mesmo veio salvar seu povo.
Maria, causa da alegria, rogai por nós!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
(1) Alguns exegetas defendem a opinião que a pergunta de João não tem como finalidade sanar uma dúvida pessoal, mas seria uma pergunta metodológica, ou seja, uma pergunta que dá ocasião para um ensinamento, uma explicação, isto é: para ajudar os seus discípulos a encontrem uma resposta que ele já conhece.
(2) Na sinagoga de Nazaré, Jesus será mais claro ainda, após a profecia de Isaías (cf. 61,1) dirá: “Hoje se cumprem essas palavras da Escritura” (Lc 4,21).