São Mateus nos leva hoje ao início da missão pública de Jesus, que começa na Galileia, na periferia, na região onde Ele cresceu. Sua missão é essencialmente anunciar o Reino e curar os doentes. Não só às pessoas daquela época, mas também à nós. Por isso, a missão de Cristo continuou através dos doze, e assim continua até hoje pela ação da Igreja. Meditemos sobre essas duas ações do Senhor:
1. Jesus ensinava e ensina!
O conteúdo essencial da mensagem de Jesus é a conversão. É pela conversão que se vê claramente a presença do Reino de Deus que já chegou. Com o Reino que se faz presente, chega também a luz da verdade, e é sobre ela que vamos meditar neste primeiro ponto.
É interessante notar que para falar da presença de Jesus, tanto o profeta, como o salmista e o evangelista falam da luz. Disse o salmista: “O Senhor é minha luz e salvação”. A primeira leitura e depois o Evangelho declaram: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu”.
Cristo é a luz da Verdade, isto é, é a luz sobrenatural que ilumina as nossas inteligências e nos tira da obscuridade da ignorância e do erro. É a luz que dá sentido às nossas vidas, ao nosso trabalho cotidiano, ao nosso cansaço, às nossas dificuldades e alegrias.
Quando aprendemos o que Cristo ensinou (a doutrina da Igreja) estamos seguros de conhecer a verdade revelada, a verdade que ilumina todas as partes de nossa vida e também da sociedade. Através dos ensinamentos do Senhor, que nos são transmitidos pela Igreja, conhecemos o que é certo, o que é verdadeiro.
Quantas vezes tem-se a impressão que as sombras das trevas que cobrem o mundo parecem vencer. Quantas vezes o erro é tão difundido e aceito que se torna forte e tenta silenciar, quando não eliminar, o bem e a verdade.
Mas não podemos desanimar. O Senhor é a luz da fé que não pode ficar escondida, precisa ser anunciada. Devemos lembrar que “somos lâmpadas que foram acesas com a luz da verdade” (1).
2. Jesus curava e cura!
O Evangelho diz que o Senhor curava todo o tipo de enfermidade. Mais ou menos um terço do Evangelho fala das curas realizadas por Jesus em sua vida pública. Não se pode dar uma simples explicação natural (que tira o sobrenatural) para essas páginas da Bíblia. De fato, o Senhor realizou e realiza milagres!
Uma caraterística importante do milagre é que nunca é realizado para simplesmente surpreender ou para exaltar aquele que o opera. Jesus realiza os milagres por amor e também para ajudar a pessoa a dar o salto da fé.
Há duas maneiras do homem vencer a doença: pela natureza e/ou pela graça. Pela natureza se entende a inteligência, a ciência, a medicina; pela graça se entende a ação direta de Deus, pela fé, oração e os sacramentos (2). Em ambas as formas se pode notar a ação divina que opera e realiza prodígios.
E o que pensar daqueles que não são curados? Ele não tem fé? Deus não os ama? Se for assim, tantos santos não foram amados por Deus porque muitos deles morreram sem a cura de suas doenças. A resposta é a seguinte: o poder de Deus não se manifesta apenas na cura física, mas também na capacidade para suportar a cruz, numa vida de padecimentos, como caminho de redenção.
Que o Senhor nos ajude a acolher a luz da verdade que nos ensina e nos cura!
Maria, mãe da Verdade, rogai por nós!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
(1) Santo Agostinho, Comentário ao evangelho de São João, 23, 3. (2) A via da magia, tão comum em nossos dias, é um grande mal. Quando não é fruto do charlatanismo, pode ser até mesmo uma ação diabólica. Na maioria das vezes é para encher de dinheiro o bolso do “milagreiro”.