As palavras de Nosso Senhor no Evangelho são como um canto carinhoso, cheio de afeto, entoado por um filho ao seu pai. Por ser marcado por um tom de alegria e de confiança alguns chegam a chamar este evangelho de o “Magnificat” de Jesus.
Neste convite de Jesus há duas indicações que precisamos considerar e meditar neste domingo; de fato, a vida do discípulo de Jesus é: (1) Ir até Ele (2) para aprender Dele!
1ª tarefa do discípulo: “Venham a mim!” (Ir até Jesus com humildade)
a) Jesus, primeiro, veio até nós. Na profecia de Zacarias, na 1ª Leitura, ouvimos um convite à alegria, e o motivo é que o Senhor vem ao nosso encontro. Sim, antes de nos chamar para ir até Ele, Jesus Cristo vem até nós. Veio na Encarnação e continua vindo, de modo especial em todas as Missas, na Eucaristia. E vem com humildade, escondendo seu poder e sua realeza, num simples pão e no pouco de vinho.
b) Ele vem a nós e é preciso ir até Ele. E isso exige de nós humildade. Por isso que Nosso Senhor diz que as coisas mais importantes estão escondidas aos sábios e aos inteligentes, porque o coração que é orgulhoso e que se satisfaz com seus diplomas, suas ciências e seus conhecimentos, não se rende às verdades de Cristo.
c) Há quem vive longe de Cristo porque não é humilde. Quantos estão longe da Verdade porque não são humildes em reconhecer as suas limitações e a grande sede de Deus que existe dentro deles? Quantos vivem como se não precisassem de Deus e confiam apenas na ciência, na tecnologia, quando não acreditam em horóscopos, adivinhos e outras tantas charlatanices…
Como é infeliz o coração que vivem sem conhecer as verdades reveladas por Cristo. É um coração cansado e fatigado. Hoje, todos somos chamados a nos despojar da arrogância e da autossuficiência que nos torna escravos do nosso orgulho. Assim nasce a nova vida, deixamos de viver segundo carne e passamos a viver segundo o Espírito, como disse S. Paulo na 2ª Leitura, para aprender a viver com e como Cristo!
2ª tarefa do discípulo: “Aprendei de mim” (As lições de Jesus)
E é neste contexto que o próprio Cristo nos faz um convite: “Aprendei de mim”; é como se Ele nos dissesse: “Entrai na minha Escola” (1). Este convite é para todos! Seja para aqueles que sofrem por conta da miséria e da fome, como também para aqueles que, embora com mesa farta, vivem “cansados” porque suas vidas perderam ou nunca tiveram sentido.
a) Para aprender de Jesus é preciso humildade. Falamos da humildade por que ela é essencial para quem quer aprender qualquer coisa, quanto mais para quem quer ser discípulo de Cristo. Em grande parte o fracasso em nossos sistemas educacionais se dá porque na raiz do processo de aprendizagem está essa arrogância intelectual: começa a caminhada achando que já se sabe tudo!
b) Para aprende de Jesus é preciso entrar na sua “escola”. Nela entramos pelo Batismo. E esta nova vida, nascida da água e do Espírito, é marcada por duas garantidas: a do “jugo suave” e a do “fardo leve”. É o fardo leve de nosso coração após a confissão; o fardo leve da nossa inteligência quando vence a ignorância e aprende a fé católica; o jugo da vida que fica suave quando se recebem os sacramentos, de modo especial a Eucaristia. Assim é a vida de um cristão: um caminhada que se faz com amor e por isso tudo fica leve, fica suave!
Mas atenção! Isso não quer dizer que o Senhor nos chama a uma vida sem dificuldades e sofrimentos. Aquele mesmo que nos ensina a aprender Dele a mansidão e a humildade terá o coração transpassado numa cruz por amor. É assim a vida cristão: mesmo nos momentos difíceis tudo fica leve e suave, porque somos e estamos no Senhor, Nele nosso coração fica em paz, Nele temos descanso!
c) Aprender de Jesus significa imitá-lo: Aqui está o segredo da nossa felicidade: aprender de Jesus o modo de viver. Com o julgo suave do amor e fardo leve da vida. Para isso é muito importante considerar o exemplo das virtudes de Nosso Senhor; quantas coisas podemos aprender deste coração tão manso e humilde!
Conclusão: A oração do dia da missa de hoje convida-nos duas vezes à alegria. Sim, hoje nos alegramos: porque o Senhor vem ao nosso encontro e nos chama para ir até Ele, porque podemos ouvir os seus ensinamentos, porque com Ele a vida não é um peso, nem um fardo, mas é leve e suave!
À Maria, que melhor do que ninguém aprendeu as virtudes do Coração de Jesus, pedimos que nos ensine, como mãe e mestra, as belas lições que aprendeu de seu Filho e que ficaram gravadas em seu coração!
(Pe. Anderson Santana Cunha)
(1) Cf. TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, vol. V, p. 276.
Textos para Meditação
01| Quando Jesus fala dos “sábios” é preciso reconhecer que não se trata dos que buscam a “verdadeira sabedoria“, que vem do próprio Cristo (que é a Verdade), mas se trata daqueles que são arrogantes e tem a presunção de achar que os seus pobres conhecimentos bastam ou acreditam que podem alcançar a Verdade com as próprias forças e capacidades.
“Não fala o Senhor da verdadeira sabedoria, que merece todo o louvor, senão daquela que eles [fariseus e escribas] imaginavam possuir por sua habilidade pessoal”.
S. João Crisóstomo, Homilia 38, n.1, In.: Obras. Homilías sobre el Evangelio de San Mateo (1-45), Madrid: BAC, 2007, vol. I, p. 755.
02| Sobre o jugo suave, explicou desta forma o Papa Bento XVI:
“O que é este ‘jugo’, que em vez de pesar alivia, e em vez de esmagar conforta? O ‘jugo’ de Cristo é a lei do amor, é o seu mandamento, que Ele deixou aos seus discípulos (cf. Jo 13, 34; 15, 12). O verdadeiro remédio para as feridas da humanidade, quer materiais, como a fome e as injustiças, quer psicológicas e morais causadas por um falso bem-estar, é uma regra de vida baseada no amor fraterno, que tem a sua fonte no amor de Deus”.
Papa Bento XVI, Angelus, 3 de Julho de 2011.