Pastor Bonus

14º Domingo do Tempo Comum

As palavras de Nosso Senhor no Evangelho são como um canto carinhoso, cheio de afeto, entoado por um filho ao seu pai. Por ser marcado por um tom de alegria e de confiança alguns chegam a chamar este evangelho de o “Magnificat” de Jesus

Neste convite de Jesus há duas indicações que precisamos considerar e meditar neste domingo; de fato, a vida do discípulo de Jesus é: (1) Ir até Ele (2) para aprender Dele

1ª tarefa do discípulo: “Venham a mim!” (Ir até Jesus com humildade)

a) Jesus, primeiro, veio até nós. Na profecia de Zacarias, na 1ª Leitura, ouvimos um convite à alegria, e o motivo é que o Senhor vem ao nosso encontro. Sim, antes de nos chamar para ir até Ele, Jesus Cristo vem até nós. Veio na Encarnação e continua vindo, de modo especial em todas as Missas, na Eucaristia. E vem com humildade, escondendo seu poder e sua realeza, num simples pão e no pouco de vinho. 

b) Ele vem a nós e é preciso ir até Ele. E isso exige de nós humildade. Por isso que Nosso Senhor diz que as coisas mais importantes estão escondidas aos sábios e aos inteligentes, porque o coração que é orgulhoso e que se satisfaz com seus diplomas, suas ciências e seus conhecimentos, não se rende às verdades de Cristo.

c) Há quem vive longe de Cristo porque não é humilde. Quantos estão longe da Verdade porque não são humildes em reconhecer as suas limitações e a grande sede de Deus que existe dentro deles? Quantos vivem como se não precisassem de Deus e confiam apenas na ciência, na tecnologia, quando não acreditam em horóscopos, adivinhos e outras tantas charlatanices…

Como é infeliz o coração que vivem sem conhecer as verdades reveladas por Cristo. É um coração cansado e fatigado. Hoje, todos somos chamados a nos despojar da arrogância e da autossuficiência que nos torna escravos do nosso orgulho. Assim nasce a nova vida, deixamos de viver segundo carne e passamos a viver segundo o Espírito, como disse S. Paulo na 2ª Leitura, para aprender a viver com e como Cristo!

2ª tarefa do discípulo: “Aprendei de mim” (As lições de Jesus)

E é neste contexto que o próprio Cristo nos faz um convite: “Aprendei de mim”; é como se Ele nos dissesse: “Entrai na minha Escola” (1). Este convite é para todos! Seja para aqueles que sofrem por conta da miséria e da fome, como também para aqueles que, embora com mesa farta, vivem “cansados” porque suas vidas perderam ou nunca tiveram sentido. 

a) Para aprender de Jesus é preciso humildade. Falamos da humildade por que ela é essencial para quem quer aprender qualquer coisa, quanto mais para quem quer ser discípulo de Cristo. Em grande parte o fracasso em nossos sistemas educacionais se dá porque na raiz do processo de aprendizagem está essa arrogância intelectual: começa a caminhada achando que já se sabe tudo!

b) Para aprende de Jesus é preciso entrar na sua “escola”. Nela entramos pelo Batismo. E esta nova vida, nascida da água e do Espírito, é marcada por duas garantidas: a do “jugo suave” e a do “fardo leve”. É o fardo leve de nosso coração após a confissão; o fardo leve da nossa inteligência quando vence a ignorância e aprende a fé católica; o jugo da vida que fica suave quando se recebem os sacramentos, de modo especial a Eucaristia. Assim é a vida de um cristão: um caminhada que se faz com amor e por isso tudo fica leve, fica suave!

Mas atenção! Isso não quer dizer que o Senhor nos chama a uma vida sem dificuldades e sofrimentos. Aquele mesmo que nos ensina a aprender Dele a mansidão e a humildade terá o coração transpassado numa cruz por amor. É assim a vida cristão: mesmo nos momentos difíceis tudo fica leve e suave, porque somos e estamos no Senhor, Nele nosso coração fica em paz, Nele temos descanso!

c) Aprender de Jesus significa imitá-lo: Aqui está o segredo da nossa felicidade: aprender de Jesus o modo de viver. Com o julgo suave do amor e fardo leve da vida. Para isso é muito importante considerar o exemplo das virtudes de Nosso Senhor; quantas coisas podemos aprender deste coração tão manso e humilde!

Conclusão: A oração do dia da missa de hoje convida-nos duas vezes à alegria. Sim, hoje nos alegramos: porque o Senhor vem ao nosso encontro e nos chama para ir até Ele, porque podemos ouvir os seus ensinamentos, porque com Ele a vida não é um peso, nem um fardo, mas é leve e suave!

À Maria, que melhor do que ninguém aprendeu as virtudes do Coração de Jesus, pedimos que nos ensine, como mãe e mestra, as belas lições que aprendeu de seu Filho e que ficaram gravadas em seu coração!

(Pe. Anderson Santana Cunha)


(1) Cf. TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, vol. V, p. 276.

Textos para Meditação

01| Quando Jesus fala dos “sábios” é preciso reconhecer que não se trata dos que buscam a “verdadeira sabedoria“, que vem do próprio Cristo (que é a Verdade), mas se trata daqueles que são arrogantes e tem a presunção de achar que os seus pobres conhecimentos bastam ou acreditam que podem alcançar a Verdade com as próprias forças e capacidades

“Não fala o Senhor da verdadeira sabedoria, que merece todo o louvor, senão daquela que eles [fariseus e escribas] imaginavam possuir por sua habilidade pessoal”.

S. João Crisóstomo, Homilia 38, n.1, In.: Obras. Homilías sobre el Evangelio de San Mateo (1-45), Madrid: BAC, 2007, vol. I, p. 755.

02| Sobre o jugo suave, explicou desta forma o Papa Bento XVI:

“O que é este ‘jugo’, que em vez de pesar alivia, e em vez de esmagar conforta? O ‘jugo’ de Cristo é a lei do amor, é o seu mandamento, que Ele deixou aos seus discípulos (cf. Jo 13, 34; 15, 12). O verdadeiro remédio para as feridas da humanidade, quer materiais, como a fome e as injustiças, quer psicológicas e morais causadas por um falso bem-estar, é uma regra de vida baseada no amor fraterno, que tem a sua fonte no amor de Deus”.

Papa Bento XVI, Angelus, 3 de Julho de 2011.

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