Talvez um dos artigos da profissão de fé (do Credo) que é menos compreendido seja aquele que declara: “cremos na comunhão dos santos”. Quem são esses santos e que tipo de comunhão é essa? É importante falar dessas coisas e pensar sobre elas porque sendo o credo composto de apenas 12 artigos não estariam ali um assunto desnecessário ou prescindível. Certamente temos muito a aprender sobre esta assunto.
Falemos primeiramente sobre a “comunhão”. Antes é preciso lembrar de um importante aspecto da nossa concepção de Igreja: a Igreja é um corpo, é o Corpo Místico de Cristo, com diz a Bíblia. E como somos membros de um só Corpo estamos todos unidos, assim como os membros de um corpo humano se unem num único indivíduo.
É preciso definir também o que se entende por “santo”. Não se trata apenas daqueles que a Igreja, através do processo de canonização, declarou solenemente a sua vida heróica. São eles também. Mas o que se está falando é muito mais amplo: são todos os batizados. Isso porque pelo batismo participamos deste Corpo de Cristo que é a Igreja. E como a cabeça é santa e fonte de toda a santidade os batizados são também santos por estarem unidos à cabeça.
Essa forma de chamar os batizados, de “santos”, não é uma coisa estranha à sagrada Escritura. Tanto é verdade que não poucas vezes no grande epistolário paulino o apóstolo usa esse termo para se dirigir aos cristãos, portanto os vivos, das comunidades católicas.
Aqui podemos unir os dois termos e compreender essa definição dogmática. O membro principal da Igreja é Jesus Cristo, seu fundador e sua cabeça. Os cristãos, membros deste Corpo, estão intimamente unidos entre si e com a Cabeça, assim como o os membros do corpo humano. Essa mútua relação entre os membros desse Corpo é o que chamamos de “Comunhão dos Santos”.
Mas como podemos sentir isso na prática? É desta forma que acontece: as graças e as boas obras de um integrante do Corpo servem para o Corpo inteiro. Da mesma forma como acontece com o corpo humano: se tem um membro doente, a saúde do corpo ajuda a curá-lo. É através desta comunhão que os méritos infinitos de Cristo chegue até nós, como também os méritos abundantes da Virgem Maria e dos santos, bem como os méritos de outros irmãos servem a nosso favor.
No Credo Apostólico não se fala dos Sacramentos explicitamente. No Símbolo Niceno Constantinopolitano cita apenas o Batismo. Mas nós cremos na ação de Cristo através dos sacramentos, e essa ação está implícita neste artigo da comunhão dos Santos. Sim, pois são através dos sacramentos que os bens de Cristo – que são infinitos – são comunicados a todos os membros. Portanto temos acesso aos tesouro de Cristo quando confessamos e comungamos, por exemplo.
Nós também podemos adquirir esses méritos através da oração, da modificação, das boas obras. As Santas Missas – que possuem um valor infinito, pois é obra de Deus – podem favorecer não só os vivos, mas também os mortos, para que a almas do purgatório entrem no céu.
Para concluir: cremos que, como Jesus nos ensinou, podemos pedir a intercessão dos santos e rezar pelos mortos e pelos vivos, uns pelos outros, pois sempre isso foi feito pela igreja, desde o início, como ensinou o seu divino fundador.