Pastor Bonus

Ceia do Senhor

Para os católicos hoje se iniciam os dias mais importantes deste ano! Chegamos ao coração da vida espiritual e litúrgica da Igreja: o Tríduo Pascal. Nestes três dias seguiremos os passos da paixão, morte e ressurreição de Cristo, não como simples observadores, mas como participantes de cada um desses momentos.

Nesta noite nos encontramos com o Senhor no Cenáculo. Na intimidade de uma família, reunidos à mesa, Ele se volta para nós com olhar apaixonado, que no silêncio nos diz:

Esta é a última noite de minha vida mortal e eu escolhi passar convosco, meus amigos!

Antes de narrar qualquer coisa a respeito daquela noite de despedida, S. João diz: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amo-os até o fim” (Jo 13,1b). Amar “até o fim” não quer dizer somente que fomos amados até o último suspiro na cruz, mas significa que Ele nos amou até o extremo: amou de tal modo que não haveria maneira de amar mais e melhor.

E nesta noite, para manifestar seu amor, Jesus nos surpreende com dois gestos: lavou os pés dos discípulos e celebrou a Missa. Falemos sobre essas duas atitudes:

1º Gesto: Ele lava os nossos pés

É possível imaginar o olhar surpreso dos discípulos acompanhando os movimentos do Mestre: Jesus se levanta, tira o manto e coloca o avental. Mais desconcertante ainda para eles é vê-Lo aos seus pés, que são lavados com um carinho que nunca sentiram.

Hoje, da mesma forma, Ele também nos lava! E como o faz? Jesus nos lava através da sua Palavra e dos seus Sacramentos. Sim, é verdade, Ele mesmo disse naquela noite: “vós já estais limpos, por causa da palavra que vos tenho falado” (Jo 15,3). Somos banhados também nos Sacramentos: especialmente no nosso batismo e em todas as vezes que nos confessamos. Ele se abaixa e nos purifica de nossas imundícies, pois só assim é possível ter parte com Ele.

2º Gesto: Ele celebrou a Missa  

Aquela noite ainda reservava uma outra surpresa. Como nunca ninguém havia feito, Jesus toma o pão e diz que é seu corpo, Ele toma o cálice e diz que é seu sangue! Nesta noite ganhamos o tesouro mais precioso de nossa vida: a Eucaristia. Não haveria outra maneira tão eficaz de ficar bem perto de nós:

A partir daquela noite não nos faltaria mais nada!

E porque seu amor por nós é tão grande e por nos querer bem unidos a Ele, Ele fez-se alimento. E bem sabemos que o alimento se tornar um só com aquele que se alimenta. Assim também Cristo se faz um conosco, de uma maneira que ninguém poderá nos separar Dele.

Mas como esse grande presente chegaria até nós hoje? Em sua eterna sabedoria Jesus chama seus amigos e lhes dá um poder extraordinário: “façam isso em memória de mim!” (1Cor 11,23). Ali Jesus ordenou os primeiros sacerdotes!

Sem dúvida podemos dizer: Deus inventou uma maneira de estar sempre conosco, através da Eucaristia que Ele nos dá pelos seus sacerdotes!

Irmãos, a Igreja nunca deixará de celebrar a Missa, jamais acabará o sacerdócio. Será assim até o final, pois se trata de uma “instituição perpétua”, como ouvimos a respeito da prefiguração da Eucaristia que é Páscoa judaica (na 1ª Leitura) e como disse S. Paulo na Epístola (2ª Leitura): celebraremos a Missa para sempre, “até que ele venha!”.

Depois daquele noite inesquecível, Jesus foi com seus discípulos rezar no horto das Oliveiras. Mas o sono não permite a oração dos apóstolos. Por isso vos convido a nesta noite vigiar com Ele! Não nos deixemos abater pela sonolência da incredulidade ou da indiferença.

Por fim, voltemos nosso olhar para Maria! Alguns escritores do início da Igreja diziam que Cristo tornou-se Sacerdote ao encarnar-se no seio da Virgem Maria (Cf. Hb 10,5-9), chegando a afirmar que Nossa Senhora seria a “catedral” onde Jesus foi ordenado pelo Pai! Rezemos, neste dia em que Cristo instituiu o sacerdócio, para que a Mãe dos Sacerdotes ajude a aumentar em nós padres a consciência do significado de nossa alma sacerdotal.

(Pe. Anderson Santana Cunha)

Compartilhe: